- Ei! Você está bem? - Keito
esperou até que meu anjo voltasse para a sala e deu uma desculpa qualquer.
Podia ver que ele estava preocupado, por mais eu não gostasse muito dele, tinha
que admitir que graças a ele Nai estava muito melhor. Eu mudara depois que as
minhas lembranças voltaram e o garoto deve ter percebido.
-
Sim. Por que não estaria? - Falei com indiferença. Ultimamente eu não andava
tanto com Nai que nem no começo, realmente era só quando eu o sentia ter algum
pesadelo ou algo do gênero.
-
Não sei... você parece bem estranho. - Alguns dias eu estava debatendo se iria
embora ou não, mas queria me despedir de Nai e ter a certeza de que ele era
feliz, só assim provavelmente eu iria me redimir por não ter lutado mais para
continuar respirando.
-
O que você faria se fizesse a pessoa amada chorar? - Tanto eu quanto ele
ficamos surpreso com minha pergunta. Não entendia o motivo de estar tentando me
abrir com ele. Talvez fosse o desespero ou simplesmente a solidão, pois não
tinha mais ninguém para conversar.
-
Nunca pensei sobre isso. - Ele sentou ao meu lado e parecia realmente pensar
sobre o assunto. - Pediria desculpa. - Foi meio cômico esperar um tempo para
uma resposta tão simples que até mesmo eu sabia, mas parecia que precisava
escutá-la para me decidir. - Nai disse que quer voltar a tocar violino... - O
encarei, então foi isso, era hora de dizer Adeus.
-
Isso é ótimo... - Ficamos em silêncio ainda. - Prometa-me que cuidará dele.
-
Não preciso prometer, eu já faço isso se não percebeu. - Agradável como sempre.
Percebi a muito que ele sentia mais por Nai que apenas amizade e também que meu
anjo correspondia seu sentimento.
-
Não o faça chorar ou voltarei para assombrá-lo. - Ele me encarou como se
tivesse nascido uma segunda cabeça em mim, como se ser fantasma não fosse
motivo de estranheza suficiente.
Assim continuei aonde estava e Keito voltou
para a sala de aula. Eu estava perdido em pensamentos e não percebi uma outra
presença.
-
Você está pronto para ir? - Isso me assustou, nunca pensei que Maria pudesse me
ver.
-
Perdão, não entendi. - Confusão transparecia em minha face, Maria se aproximou
e eu me levantei.
-
Perguntei se está pronto para dizer adeus a Nai. - Ela falou vagarosamente como
se eu tivesse algum problema.
-
Desde quando você pode me ver? - Estava perplexo, como não tinha notado que ela
me via? Deve ser porque estava tão envolvido em mim mesmo que não percebi as
coisas ao redor.
-
Bem... Desde a primeira vez que vi Nai, sou sua guardiã na terra. - Ela
respondeu como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
-
Guardiã? - Ok, isso estava ficando cada vez pior, acho que seria mais fácil de
entender a teoria da relatividade do que isso.
-
Guardiã é a pessoa encarregada de encaminhar as almas para o céu, você ainda
tinha coisas pendentes e por isso está aqui. Como suas lembranças já voltaram e
a pessoa de quem cuidava está indo bem é hora de se despedir. - Ela disse
enquanto olhava o horizonte, ficamos em silêncio. Eu somente assenti quando ela me olhou pedindo
resposta. - Você sabe... pode se comunicar com ele nos sonhos... É só sentar ao
seu lado e encostar a mão em sua testa e automaticamente será transportado para
lá, quer dizer só sua consciência. - Dito isso Maria se virou e saiu.
- Feita por Finn
=^.^= sem palavras para descrever tamanha emoção que sinto em mim ao ler cada frase que escreve
ResponderExcluirMe emocionei com cada palavra escrita.....Muito lindo! !!!
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