Alguns
dias depois descobri que o nome do estranho da sala de música era Keito do 3º
A, um excelente aluno que tinha aberto o clube de Música, como sei isso? Por
que ele levou a sério minhas palavras de ser amigo de Nao.
Isso
ocorreu uma semana depois que Nao fugiu da sala de música, e no intervalo Keito
foi levar o chaveiro que meu anjo deixou cair. Pode não parecer, mas para mim
isso provavelmente deveria ter uma segunda intenção. A partir daí se tornaram
amigos, não o tipo de amigos com quem você divide suas experiências, mas um
tipo cômodo aonde eles conversavam basicamente sobre música, ou sobre o dia e
até mesmo livros, nada pessoal.
Gostava que Keito pudesse fazer meu anjo rir,
mas tinha ciúmes, era bem ciente que provavelmente em algum tempo o veria com
alguém que se tornaria especial para ele. E deste modo havia tomado minha
decisão que se caso isso acontecesse era hora de partir, pois ele não estaria
mais sozinho e eu não seria mais necessário.
Por vezes fantasiava estar no lugar de seu
novo melhor amigo, sabia o que dizer para vê-lo sorrir, mas não era eu e
provavelmente nunca seria. Nao e Keito já se conheciam a um bom tempo agora e
comiam juntos no terraço. Meu anjo sempre ia na frente e ficava observando o
céu com as mãos na grade, por vezes cantarolava uma melodia conhecida e mesmo
assim apagada em minha memória. Fiquei a uma certa distância dele e Keito
entrou, ultimamente eles andavam pertos demais. Ele chegou por trás e abraçou
meu anjo e isso foi o que bastou para desencadear minhas memórias supostamente
perdidas.
"Estava
indo para o colégio quando vejo um garoto de longos cabelos negros pegar um
gatinho de cima da árvore e cair, rasgando um pouco a blusa branca e sujando a
calça. Não o ajudei por estar no ônibus. Sabia que o conhecia do colégio, mas
não me lembrava da turma. Havia me atrasado propositalmente, pois estava
tentando uma melodia nova no piano, quando vi o mesmo garoto ser repreendido
pelo professor por sua falta de cuidado e por trazer um gato para o colégio.
Ele parecia constrangido, mas mesmo assim seu olhar permaneceu no gato de forma
carinhosa.
Acho
que foi neste momento que passei a procurá-lo no colégio. Descobri que estava
no primeiro ano e que eu era um ano mais velho. Para minha felicidade ele tinha
ingressado para o clube de música e assim resolvi me tornar seu amigo. Me
apaixonei de forma desesperada ao ponto de nem mesmo a música conseguir me
distrair e sabia que tinha que dizer o que sentia."
"
Tinha ensaiado ao ponto da perfeição aquela música, pois era com ela que
pediria para Nao sair comigo. Quando bateu o sinal fui buscá-lo na sala dizendo
que tinha algo muito importante para falar e ele me seguiu em silêncio com
nossas mãos conectadas. Foi quando toquei Clair de La Lune e ao final disse que
lhe gostava e pedi para sair, ele aceitou sem nem mesmo uma pausa para pensar.
De tanta felicidade levantei derrubando o banco e peguei-o em meus braços o
apertando, pois a distância mesmo que pouco parecia muito naquela hora. Acabei
nos rodando e caindo no chão em meio a risos, essa foi a primeira vez que
provei seus lábios e sabia que jamais os largaria."
"
O primeiro concerto de Nao foi na primavera, ia fazer 2 meses que estávamos
juntos. Meu anjo estava tão nervoso que podia sentir a tensão emanar de seu
corpo. Disse-lhe que estaria no meio e que se estivesse nervoso deveria olhar
para mim, dei-lhe um beijo apaixonado quando ele me empurrou carinhosamente e
foi terminar de se aprontar. Quando o concerto iniciou era Le quattro stagioni
L' Inverno de Antonio Vivaldi, eu não
poderia estar mais orgulhoso de meu anjo, a música fluía de seus dedos e mesmo
seus olhos nervosos que volta e meia me miravam faziam-me extasiado. As vezes
seus olhos azuis me encaravam e eu lhe sorria, outras lhe mandava beijo e por
fim não aguentei e disse TE AMO. Já era a última parte da música e Nao caiu em
lágrimas, as cortinas se fecharam e eu desesperadamente levantei da cadeira e
corri para os bastidores. Encontrei-o agarrado ao violino chorando e perguntei
o que aconteceu, se eu tinha feito algo errado. Por fim seus olhos me
encontraram e respondeu em um cálido sussurro Também te amo.
Arrastei-o para a sala de música que não
ficava muito longe e comecei a lhe beijar, tirando suas roupas que expunham o
corpo mais formoso que meus olhos um dia tiveram a alegria de capturar. Meus
lábios o adoraram em todo canto deixando marcas que só sairiam depois de
semanas, mas não planejava que desaparecessem, pois as renovaria ao ponto que
seu corpo dependesse do meu como eu necessitava dele. Seus gemidos eram como
sinfonias em meus ouvidos e mesmo o preparando seu interior virgem era apertado
e foi minha perdição. Nunca pensei que seria tão intenso e nem mesmo que seu
ápice no prazer me faria louco ao ponto de não deixá-lo nunca ir de meus
braços. Abusei tanto de seu corpo e tomei tudo o que pude ao ponto de meu amor
desmaiar, não podia deixar de continuar a observá-lo em seu sono satisfeito e
sabendo que essa seria uma de tantas vezes que ele estaria assim, me deixou com
um sorriso bobo e adormeci."
"
Fazíamos 1 anos de namoro e havia feito algo que minha amiga de infância Claire
sugeriu, fiz um álbum de nossas fotos e principalmente uma coisa que coloquei
em um fundo falso do mesmo. Mal podia esperar ver sua cara de surpresa.
Tínhamos marcado em frente a estação as 17:00, mas Nao estava atrasado. Claire
apareceu e começamos a conversar, sempre fomos como irmãos e ela me contou que
estava apaixonada, disse que estava torcendo por ela, em meio a conversa um
sujeito esbarrou em Claire e para que ela não caísse a segurei, acabamos nos
aproximando de mais foi quando ouvi o grito de Nao me dizendo TE ODEIO!
Ele saí correndo e desesperado vou atrás dele,
vendo suas costas se afastar era como se fosse a última vez que o veria, eu não
queria isso, não entendia o que estava acontecendo. Não deveria ser assim,
deveríamos estar comemorando. Nao cruzou a rua e mesmo que o sinal estivesse
verde, não me importava, pois precisava alcançá-lo a qualquer custo. Então um
barulho de freada de carro e a última coisa que eu penso era que não queria
deixar Nao sozinho e queria que ele recebesse meu presente, mas o destino tinha
outros planos e a escuridão parecia fazer parte dele. Mesmo quase inconsciente
pude ouvir um choro ruidoso, mas era difícil se quer pensar e nem mesmo o
oxigênio entrava em meus pulmões para me desculpa com meu anjo por fazê-lo
chorar."
- Feita por Finn
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