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terça-feira, 16 de julho de 2013

Nao-chan - 2

  A noite estava tão bonita que não consegui evitar á sair no quintal para pelo menos olhar um pouco a lua cheia. Era tão bom sentir a leveza do meu corpo, mas o que é melhor que isso era poder ficar com Nao toda hora. Hoje eu tinha descoberto algo estranho, meu anjo tinha discutido com sua mãe e eu não estava no momento, me desesperei quando não o achei até que senti uma sensação estranha e a segui, era como uma linha que me puxava para aonde Nao estava, fiquei tão feliz de encontrá-lo e ainda mais por saber desse pequeno bônus.
 Desde que o encontrei á duas semanas atrás ele tem estado melhor, já não chora com frequência e se vê até mesmo sorrindo aleatoriamente, mesmo que seja um sem vida. Uma pressão começou a se formar no meu peito e isso estava fazendo-me sentir mal, mas não era eu e sim Nao. Voltei para dentro da casa e meu anjo estava tendo algum pesadelo. Esses pesadelos eram frequentes e eu me sentia como se estivesse com dor física por não poder ao menos abraçá-lo e consolá-lo. Me aproximei da cama e quase achei que ele estava me vendo, pois sua linda voz sou como água cristalina em meio a noite.
- Inuy... Inuy não me deixe... - Meu coração se aqueceu novamente, de alguma forma sabia que ele estava me chamando, mas não me lembrava desse nome. Aproximei-me mais e sentei ao seu lado e ele parou um pouco, mas as lágrimas ainda escorriam de seu rosto. - Gomenasai... Inuy...
- Shi... pequeno. - Com um suspiro ele voltou a dormir um sonho sem sonhos e fiquei ali, ouvindo sua respiração baixa e notei como suas olheiras diminuíram, mesmo que ainda escuras era melhor do que no primeiro encontro. Baixei a cabeça e beijei sua testa, eu queria tanto que ele fosse feliz como uma vez já o foi. Não sei a origem do pensamento, mas ele estava ali rondando-me e percebi que tomaria como minha missão cuidar desta pessoa que me era tão importante.
 O sol já penetrava a janela de seu quarto quando o despertador tocou, essa era uma das minhas melhores partes do dia, quando o via acordar com o sol em seu cabelo. Tão adorável que me deixava sem mesmo um pensamento que fosse. Ele desligou o despertador e se espreguiçou como um gato manhoso, seus olhos se abriram lentamente, por mais que o céu lá fora fosse belo, para mim era ainda mais seus olhos azuis.
- Nao-chan já acordou? - A voz de sua mãe veio baixa pela porta, ela a abriu um pouco e olhou para dentro, realmente eram parecidos.
- Sim. - Ela assentiu e saiu. Os olhos azuis esquadrinharam o quarto e caiu no álbum em cima da cabeceira da cama, suas mãos o tocaram com cuidado com medo até, pegou-o e apertou em seus peito. - Hoje começo uma nova escola... - Eu quase não o tinha ouvido por ser sussurrado. -  Eu... estou com medo... - Fui para o seu lado e acariciei seus cabelos, seus olhos se fecharam como se estivessem sentindo a carícia. - Quase posso sentir que está aqui... - Ele disse novamente com um sussurro.
- Nao-chan se apresse se não você perderá o ônibus! - A voz de sua mãe o acordou de seu transe, com um suspiro ele beija o álbum e saí fazer suas necessidades. Vou para a cozinha observar sua mãe fazendo comida enquanto cantarolava. Ela parecia feliz hoje, normalmente estava com um semblante preocupado e ver Nao bem parecia acalmar seus nervos.
 Meu anjo desceu pelas escadas com o novo uniforme e se sentou na mesa, mas em vez de comer tudo no prato só dava pequenas beliscadas, se pudesse apertaria suas bochechas por não comer certo. Ele olhou para o relógio e por mais que faltasse algum tempo se levantou para ir já ao ponto de ônibus.
- Não se esqueça de que chegarei tarde hoje, sua janta estará na geladeira é só esquentar. - Ele assentiu. - Espero que faça bastante amigos... - Nao não a olhou com essa menção, se despediu e saiu. Seus passos eram lentos, mas seus olhos observavam tudo e eu me perdia em como o vento brincava com seus cabelos, era uma visão privilegiada e podia dizer que várias pessoas achavam o mesmo, pois paravam e o observavam. Mesmo assim meu anjo permanecia sem perceber as pessoas, se concentrava em algo que deveria estar escondido em suas lembranças.
 O ônibus não demorou muito ao chegar e quando me toquei já estávamos na sua nova escola, era grande e com facilidade comportava a grande quantidade de alunos. Meu anjo foi até a coordenação pegar seu horário e seguiu para a sala. Podia sentir que estava nervoso e me aproximei mais dele e novamente percebi que a tenção deixava seu corpo. O sensei entrou na sala e Nao esperou fora até ser anunciado.
- Hoje teremos um novo aluno, quero que vocês sejam seus amigos... - Não ouvi o resto do que o sensei falou por causa do estremecimento de meu anjo quanto a menção desta palavra novamente. - Nao-chan entre.
- Oi... meu nome é Nao Mizaki... prazer em conhecê-los. - Normalmente as pessoas diziam "cuidem bem de mim", mas não Nao, ele provavelmente já estava estabelecendo uma distância entre seus novos colegas. Tinha uma convicção cega que quanto a isso mesmo não sabendo a origem.
 Nao sentou no fundo ao canto esquerdo, podia escutar os cochichos de como meu anjo era bonito e tal, mas ele simplesmente ficou em silêncio perdido em seu próprio mundo. Veio o intervalo e com ele algumas pessoas tomaram coragem para conversar, mas Nao respondia o que lhe perguntavam e assim os outros foram perdendo interesse ou até mesmo repelidos por sua indiferença.
 A penúltima aula era vaga para que os alunos que ainda não escolheram um clube pudessem procurar.
- Nao-kun quer ir ver os clubes no mural? - A garota que o chamou tinha grandes olhos cor cinza e cabelo loiro, muito bonito de um jeito bonequinha de porcelana. Nao levantou os olhos como se percebesse que ainda se encontrava na escola.
- Pode ser... - Ele se levantou e seguiu a menina. Chegando ao mural eu já sabia sobre toda a vida da garota, pois ela falava muito. Isso parecia agradar meu anjo, já que este detestava falar sobre si, sei disso pelas respostas evasivas, principalmente sobre como era sua antiga cidade.
 Nao observou todos os panfletos, mas nenhum o tinha agradado até que seus olhos caíram sobre um pequeno. " CLUBE DE MÚSICA", seus dedos traçavam a letra e uma lembrança alcançou-me e pude imaginar seus belos dedos finos tocando um violino, como se o papel o queimasse ele tirou as mãos e desviou o olhar com certa dor.
- Oh... você gosta de música? - Nada passava despercebido por Maria (a garota loira). Nao acenou em negativa.
- Eu vou indo embora... - Se virou para sair.
- O clube de música fica no segundo andar, sala 4. - Ela disse por seu ombro, Nao somente assentiu. Quando chegamos nas escadas que levavam para o segundo andar meu anjo olhou incerto, eu queria tanto que ele fosse. Como se meu pensamento o tivesse ajudado a se decidir ele tomou em direção as escadas em passos lentos e cuidadosos. Chegamos em frente a sala, mas estava vazia a primeira vista, a mão de meu anjo foi para ver se a porta estava destrancada e para minha felicidade estava aberta, então Nao travou. Não entendi o motivo até que escutei uma melodia que me arrodeava e puxava para mais perto, eu a conhecia.  Lembrei-me de ter ficado muito tempo ensaiando tal música, pois era importante para conseguir aquela pessoa. Quem era a pessoa? Por mais que eu tentava recordar não conseguia, mas ao menos o nome da música me lembrei era Clair de La Lune.
 Nao ficou por um tempo incontável assim, olhei e vi lágrimas escorrerem de seus olhos, eu queria secá-las e beijei-lhe o rosto, novamente seus olhos se fecharam como se sentissem. Seus braços se moveram e se abraçou como se tentasse segurar os pedaços de seu coração juntos, o abracei e ficamos assim até o término da música, mas as lágrimas de Nao nunca cessaram, ainda estava perdido em suas recordações. Eu queria tanto, mas tanto que chegava me doer poder acabar com todas as suas dores.
 Tanto eu como Nao nos despertamos de nossos estados contemplativos quando um garoto alto, com uma construção corporal mediana, olhos mel e cabelos encaracolados loiro ficou observando o rosto de Nao de modo impassível.
- É falta de respeito espiar as pessoas. - Sua voz era fria e até mesmo um pouco sem emoção. Como alguém assim poderia tocar tal música? E eu gostaria de lhe dar um soco neste momento por deixar Nao pálido e com olhar arrependido.
- Desculpe. - Nao não havia olhado para cima ainda até aquele momento. - Eu só queria ver... hummm... o clube... - O garoto levantou a mão e Nao se encolheu achando que ia apanhar, se esse fosse o caso eu teria feito algo, mas percebi pelo olhar do desconhecido que ele nunca faria mal ao meu anjo. O estranho secou a lágrima de Nao com o dedo.
- Por quê chora? - Sua voz continuava fria, mas tinha um toque de emoção agora. Nao olhou em seus olhos incerto quanto ao que falar.
- Não é por nada... é só que... essa música me trás recordações de uma pessoa muito importante... - Nao desviou os olhos do estranho e olhou para o piano. - Tocas muito bem. - O garoto parecia surpreendido.
- Você toca? - De alguma forma eu sabia que meu anjo tocava e de forma esplêndida. Nao continuou olhando para o piano intensamente como se quisesse ver alguém que não se encontrava na sala.
- Não mais. - Foi sua resposta quieta sem nunca desviar os olhos do piano.
- Por quê não? - O estranho parecia em confusão e eu compartilhava de seu sentimento.
- Minha inspiração se foi... - Aquilo foi como arrancar algo em minha alma. Como se percebesse que falou de mais, Nao fez a coisa costumeira de virar e fugir, toda vez que ele fazia isso me sentia horrível como se fosse perdê-lo a qualquer momento.
- Ei você! - Achei que o estranho tivesse dito para Nao, mas ele já estava longe, então percebi que me olhava. Isso certamente foi uma surpresa.
- Sim? - Eu não me escutava, mas parecia que ele o fazia.
- O que faz assombrando o garoto? - A hostilidade rondavam suas palavras. Eu começava a sentir o puxão de quando Nao se afastava muito.
- Não o assombro. - Eu queria ir ao encontro de Nao, pois podia sentir seu desespero.
- Então por quê fica ao seu lado? - Para mim pareceu uma pergunta desnecessária, mas para o estranho era importante.
- Para cuidá-lo. - Eu já estava indo embora quando um pensamento me ocorreu. - Seja amigo de Nao. - Antes de ir ao encontro do meu anjo vi o quão surpreso ambas as coisas que eu disse o deixaram, mas isso não importava no momento, pois minha alma necessitava Nao.


  • Feita por Finn
Arigato Finn-chan x3

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