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sábado, 17 de agosto de 2013

Os Letraks - 5


Os passos do casal ressoavam junto aos de Kastemyra. Os três passam pelo corredor que outrora Edwar passara “mal”. Depois de algumas passadas na fria pedra, uma nova sala se alastra em suas visões. Ao centro desta estavam Edwar e Ilan sentados frente a uma mesa. – Bom dia! – disse Simon vendo as costas de Edwar. Ele, mesa acompanhado por Hariel, contorna a e se senta frente ao garoto. – Santíssimo! – assustou-se Simon – o que aconteceu com você menino? O que são esses olhos? Hariel fitava Ilan, o modo que o rapaz estava comendo ao lado de Edwar, suas roupas amarrotadas, suas linhas nos rosto que expressavam cansaço. – Não lembro muito direito. – respondeu. Ilan olha para Edwar com o cenho franzido. – Pelo menos se lembra de nunca mais tomar uma poção que não sabe seu efeito? Edwar retribui o olhar, mas o seu era irritadiço com a implicância de Ilan. – Sim. – impacientemente respondeu lentamente. Os sentimentos entre os dois eram intensos, pareciam que iriam enforcar um ao outro a qualquer momento, sem falar que de seus olhos, parecia que saiam raios que se chocavam no encontro dos olhares. – Vamos parar com esse amor entre as madames! –pronunciou Hariel impaciente – O que estamos fazendo aqui? – olhou para Kastemyra – eu tenho coisas muito importantes a fazer, eu preciso sair desse livro. – Porque a pressa? – perguntou a moça a pegar uma bolacha. – Porque já se passou um DIA! – retrucou Hariel. Simon sorria enquanto apenas observava Edwar e Ilan discutirem entre si. – Hum. – começou Kastemyra – Como vocês acham de deve estar lá fora? – Não quero saber se o dia está belo, eu quero sair daqui! – respondeu Ilan exasperado – nessa hora eu já deveria estar na faculdade! – Nesta hora? – pensou Kastemyra olhando à bolacha que portava uma aparência rústica.
– Vocês estão achando que o tempo lá fora passa como o daqui desta dimensão? Os quatro se entre olham sem entender. – Como assim? – Edwar se prontificou empurrando a cabeça de Ilan para observar a expressão de Kastemyra. – Quando se entra em um livro, o tempo do mundo “real” corre lentamente como uma lesma. – Quer dizer que… – Isso mesmo Edwar, – ela o interrompeu – não se passaram nem cinco minutos no mundo “real”. Com as palavras de Kastemyra parecia que fora aplicado em cada um, uma injeção contra raiva e preocupação. Todos se calam até se satisfazerem. – Ótimo, agora vamos. – falou ela – tomem um banho que iremos ver o Sarcoscizor. – Quem? – perguntou Edwar com uma cara extremamente cômica. – O meu mestre. – respondeu secamente para não haver mais perguntas. Ela se levanta fazendo suas vestes roçagarem. Em seu braço, agora, apenas o rasgo na túnica, seus olhos estão pesados e abaixo deles uma pele enegrecida. O aspecto de Kastemyra era de estar cansada ao extremo. Ontem ela batalhou contra Derradeiros, usou muito as palavras para conjurar magia que quase se esvaiu toda sua vida. Os quatro seguiam-na pelos corredores se distanciando da entrada que outrora fora atacada pelos Derradeiros. – Como essa casa é tão grande? Ontem a noite parecia pequena e agora não para de aparecer mais corredores e salas, magia? – perguntou Ilan escutando os próprios passos.
– Casa? – surpreendeu-se Kastemyra – não estamos em uma casa, estamos em um castelo! Os passos eram contínuos, e os cômodos e quartos pareciam intermináveis. Finalmente eles cessam suas passadas quando chegam frente a um grande portão duplo. O portão era de madeira escura, e suas grandes dobradiças eram acinzentadas, acima dele via-se um mecanismo de engrenagens. – Aldrynelza – chamou Kastemyra – abra o portão principal, por favor! De uma porta ao lado direito, uma criatura cintilante e pequena aparece, tem um metro de altura, e de suas costas, asas graciosas com seis fios em cada lado, a flutuar, entrou na visão de todos. A criatura para frente ao portão e de costas aos presentes, ela ergue seus pequenos bracinhos finos e cintilantes em direção ao portão. Um click metálico é soado e as engrenagens ao alto começam a se movimentar. – Obrigada Aldrynelza! Você está muito linda como sempre. A criatura imitiu um som agudo e bateu as asas rapidamente, depois se retirou. – O que é aquilo? – perguntou Simon a observar a criatura voltar para a porta. O portão abre para a passagem de duas pessoas por vez. As engrenagens param de trabalhar. – Shh! É uma fada. – respondeu a moça a sussurrar – E nunca mais chame uma fada de “aquilo”, elas são muito sensíveis e não queiram ver uma irritada. – continuaram a andar passando pelo portão, agora Kastemyra falava lentamente, mas sem sussurrar. – Mais uma coisa: elas nunca falam, a menos se você der permissão ou perguntar uma coisa a elas, mas tomem cuidados, pois elas nunca mentem. Às vezes é melhor não saber o que realmente é verdadeiro. Um vento morno passa e esvoaçam os cabelos e faz roçagar as roupas. – Uau! – falou Edwar com a boca aberta e com os olhos arregalados a olhar para fora. – Estou com um pressentimento ruim garotos. – disse a senhorita a pisar na grama macia e verde como a mais pura esmeralda. Os quatro rapazes estão a andar lentamente, observando em todos os lados a beleza extrema do lugar. No céu, com nuvens brancas como algodão, voavam pássaros brancos, ao solo, flores de todas as cores brotavam ao lado direito do castelo. Muitos metros a frente via-se que o solo e as gramas acabavam, começava um solo amarelado e duro: pedra, mas mesmo assim, uma árvore gigantesca com a metade do tronco envolvido por musgos prevalecia naquele solo à beira de um precipício. As folhas da árvore farfalhavam com a brisa, o som da natureza, a temperatura, a visão utópica fazia brotar um sentimento de perfeição, de alívio e acomodação, pois pareciam estar no paraíso. No horizonte, picos de montanhas azuladas prevaleciam. – Vamos garotos. – falou Kastemyra a sorrir vendo-os intrigados com o ambiente. O som do portão se fechando chega aos ouvidos dos meninos paralisados. – Hey, alô! – fala a moça com as mãos na cintura. – se vocês ficaram assim vendo isso – gesticulou ao redor, para às paisagens – imagina o que vai acontecer se virem o precipício. Venham, temos que ir! Miau! Kastemyra gira seus calcanhares assustada. Miau! – Você me assustando de novo? – colocou a mão ao peito. – Porque você faz isso? Só porque sou sua aprendiza ainda? – Você está falando com um gato? – observou Edwar. – Adoro gatos! Edwar se abaixa para pegar o animal, mas o gato foge. O bichano tem uma pelagem longa, castanha clara, e brilhante, seus olhos são esverdeados e suas orelhas se mexem para detectar ruídos. – Graças! – orou Ilan a pegar alguma coisa em seu bolso do paletó – Posso fumar! – ele seleciona um cigarro branco, coloca-o na boca e acende-o, depois da uma tragada e em sua face uma expressão de alívio ou alegria.
– Apaga essa coisa! – exasperou Edwar a desistir de agarrar o animal – já não chega de você fumar? Ontem já tinha fumado! O-DE-I-O cigarro! – Ahh! – disse Ilan secamente depois de mais uma tragada – agora você lembra o que aconteceu no quarto? – falou olhando a fumaça a subir. Edwar fica vermelho, gira seus calcanhares e se aproxima de Kastemyra. “Não tudo, mas tenho alguns pedaços de ontem na minha memoria. Esse lugar até parece um jogo de RPG, esse terreno, as fadas, esses bichos do ‘coisa ruim’ nos atacando a noite, sinto a magia de uma aventura!” – pensou Edwar. – Vamos Sarcoscizor – disse a única mulher que veste sua túnica branca e vermelha no interior – estávamos indo até a sua árvore. Uma brisa calma passa fazendo os lisos pelos do gato dançarem, assim como os cabelos de todos. O belo gato mia baixo; vira-se e começa a andar majestosamente com o rabo erguido. Um caminho se abria entre as flores coloridas, no céu, uma mistura de nuvens de tons amarelados e brancos misturadas com o céu de azul puro. O sol resplandecente acima do horizonte aquecia e iluminava os confusos visitantes. Passos e mais passos foram dados se aproximando da grande árvore beira ao precipício. “Aquela é a árvore?” A grama verde era macia, mas agora o chão era duro e amarelado. Mais uns minutos de passos rápidos e chegam frente a grande árvore. O cheiro forte de mata exalado por ela tocava suavemente nos sentidos dos garotos, os musgos eram verdes e os quatro visitantes observavam que no meio daquelas folhas da árvore tinha uma fraca cor azul-cinzenta. Raízes grosas encravadas na terra deixa segura a grande planta beirando a queda sem fim. E dos fortes galhos, muitos cipós escorriam quase até ao chão. – Vão. – sorriu Kastemyra aos meninos apontando para os cipós pendurados. Os cipós pareciam cabelos da árvore ou uma cascata. – Primeiro as damas! – disse Hariel gesticulando. O gato lambeu sua pata e foi correndo atrás da mulher. Uma sombra e brisa frescas prevaleciam, assim como o cheiro de mata. O farfalhar de folhas eram como um som divino a soar, os pássaros a cantar e a voar, aquela árvore era repleta de vida. “Finalmente paramos” – Quando irei voltar para meu mundo? – falou Ilan a jogar o seu cigarro ao chão e depois pisar no mesmo. – Sem pressa – respondeu Kastemyra olhando para o gato agora em sua frente – só mais alguns minutos e estarão onde dizem ser seu mundo! – Você disse que viemos falar com um tal de Sarcoscizor – observou Ilan – é esse gato? – Sim. Ele é meu mestre. – Só pode estar louca! – retrucou secamente. – Mestre Sarcoscizor – reverenciou Kastemyra – sua vez. O gato virou-se e foi até mais a frente ao tronco da árvore coberto por cipós grossos. O felino grunhiu como se estivesse irritado, mostrou suas presas para o alto e um barulho de movimento começou a ecoar. Os cipós emaranhados no tronco se desprendem e somem da visão desvendando uma porta entalhada, com detalhes ornamentais e belos. Miau! – Entrem! Os quatro estavam quase babando, como se tivessem levados um choque no cérebro. Kastemyra apenas riu enquanto a porta redonda se abria sem ser tocada. Os meninos ficam olhando tudo por uns segundos, mas Edwar sorri e acaba fazendo o primeiro movimento. “Isso é incrível, perfeito, melhor do que eu pensava!”. Com Edwar na frente, eles entram desconfiados, a analisar todos os cantos e coisas. Era um lugar colorido cheio de papeis em uma mesa feita com a própria madeira da árvore. Potes e uma almofada grande e branca ao fundo. Kastemyra se senta em um assento de madeira e o gato
sobre a mesa. Era um tanto apertado, mas suficiente para os seis caberem. O felino pula para o chão de madeira e some de vista. – E agora? – perguntou Edwar olhando para o chão com círculos de marrons mais claros e mais escuros. – Esperar – respondeu ela a fitar os penduricalhos no teto, coisas que pareciam grandes brincos de penas, outras com ramos de folhas. – Mestre, o que anda fazendo ultimamente? – A curiosidade mata o gato! – brincou Ilan com um sorriso maligno na face. – No seu mundo – ecoou uma voz grave e áspera – não dizem que os gatos têm sete vidas? Um homem com feições felinas sai de trás de uma divisória de panos. Ele usa uma túnica marrom com os extremos da mesma cor, porém mais escuras. Seus bigodes se mexiam e suas finas presas eram avistadas, seus lábios negros e os olhos verdes com a pupila felina. Ilan engole seco e dá um passo para trás. O tamanho do ser felino era alguns centímetros a menos que de Kastemyra. Suas mãos tinham garras e elas se entrelaçavam. A túnica, agora, cobria-as. Kastemyra tentou não rir, mas demonstrou um sorriso. “Oh meu Deus! Isso é um gato que se transformou em um meio homem? Fantástico!” – Grr! Senti que você iria me ver Kastemyra. – falou o Mestre lentamente e com as sobrancelhas a se movimentar. – Tu não me disseste que estava a cuidar de visitantes, e de raça humana, isso é raro como uma escama de dragão. – Desculpe Mestre, e agradeço mais uma vez por me ajudar com aqueles Derradeiros ontem. – reverenciou levemente com a cabeça. – Eu os trouxe aqui porque foram engolidos para dentro por engano. – Engano, aprendiza? – o gatuno coloca uma de suas patas meio humanas e meio felinas no queixo. – O destino não é um engano, as folhas no outono não caem por engano. – falou com os olhos verdes semicerrados a fita-los – Eu quero sair desse lugar logo, gato. – lembrou Ilan. Sarcoscizor franze o cenho, depois aspira o ar em sua volta. – Fumante, tu tens tanta pressa e arrogância que é um inferno em sua mente. – retrucou secamente – sinto que seu eu interior quer se libertar desse seu casulo, mera larva. Edwar apenas colocou a mão na boca para conter uma gargalhada. “O chamou de lagarta! Hahaha”. O garoto de cabelos loiros olha para a baixa prateleira, nela, uma espécie de ovo escamoso e colorido, Edwar o observa com interesse. – Pegue-o. – falou o Mestre a olhar para o garoto. – Se irão querer voltar para a dimensão das florestas de concreto, deverão ter alguma coisa para se lembrarem desta. Presente de mim, menino. Pegue o ovo. – Você está caridoso, Sarcoscizor! – observou Kastemyra a sorrir. – Vós quereis voltar até a floresta de concreto, vós tereis o que anseiam. – proferiu o gatuno indo em direção a eles – Daime as vossas licenças. – gesticulou para se afastarem. Edwar pega o ovo e junto com Ilan se encosta-se à parede entalhada na madeira. Sarcoscizor passa e vai até lá fora novamente. – Sigam-me. Os cinco obedecem sem demora. “O que esse gato maluco vai fazer?”– pensou Edwar seguindo os outros. – Agora – continuou o Mestre a beira do precipício – vejam ao horizonte, escutem o bater das horas a se passar, as aves a cantas, o sol a raiar. Veja as ondas dos ventos moldarem o céu, as nuvens dançarem a dança dos anjos. “Tudo isso é maravilhoso!”. – Tens certezas que querem voltar a aquele mundo cinza da cor da neve de um vulcão? “Isso é melhor que qualquer jogo que eu possa jogar, isso é melhor do que estar em casa de férias mofando na minha cama lendo uma revista de jogos, pois o computador quase explodiu”. – refletiu Edwar a ver o horizonte explêndido.
Uma brisa forte atinge todos, provinda do precipício de nuvens, provinda do horizonte do mar. Simon olha pensativo para Hariel. Ilan contorce seus lábios e Edwar fica encantado. – O tempo lá fora passa muito lento, certo? – perguntou o garoto a pegar na mão de Kastemyra. Ela assente a sorrir e a fita-lo. – Apenas preciso pegar minhas roupas. – Você quer ficar Edwar? – perguntou a moça surpresa. O menino assente. – Sim. Quero saber das coisas que existem aqui, quero fazer aventuras por todo esse horizonte maravilhoso, quero ser livre, para no fim, voltar e criar o maior e melhor jogo de RPG que nunca ninguém viu. Kastemyra abraça o menino emocionado. – Hari – disse Simon olhando para o mar azul a refletir a luz do sol. – Tem certeza disso? Nossa vida lá naquele mundo é tão chata e monótona. Hariel engole seco. – Você está louco… – Pense! – interrompeu com um nó na garganta – Você acha que eu quero uma vida assim ao invés disso? – gesticulou Simon para o horizonte fabuloso – você sabe o porquê eu tenho sede de viver agora! Eu quero viver intensamente e você prometeu me proteger. “Bando de idiotas” – pensou Ilan sem paciência a acender mais um cigarro. – E então gato? Eu quero ir. – Lagarta, então vá! – apontou para as nuvens brancas a beira do precipício – se jogue e voltará a sua floresta gloriada onde se encontram as maiores ruindades humanas. – Lagarta? – enfureceu-se – Olha aqui animalzinho: você acha que irei me MATAR? – exasperou com o dedo indicador a apontar a face do Mestre. – Você não acredita em nada, quem acreditarás em você? – falou lentamente sem nenhuma expressão no rosto. – O acaso não existe, tu voltarás a me ver. Sarcoscizor estala os dedos e um vento acerta Ilan pelas costas fazendo-o cair no precipício. – Ahh! Seu filho de uma… – Ilan entrou nas nuvens e pairou um silêncio. – Oh – disse Simon colocando as unhas na boca – Ele morreu? – Não – respondeu Kastemyra – apenas está na biblioteca agora. Hariel nervoso acerta uma tapinha na mão de Simon fazendo-o se lembrar de parar de roer as próprias unhas. – Edwar, Simon e Hariel – pronunciou Sarcoscizor com sua voz grave – voltem quando estiverem prontos. O Mestre felino estala novamente os dedos. – N… não! – pediu Hariel, mas já era tarde, os três já sentiram o empurrar do vento em suas costas fazendo-os cair no precipício como o rapaz de outrora. Alguns segundos se passam e o gatuno ainda observava o horizonte com as mãos entrelaçadas nas costas. – Mestre Sarcoscizor, eles voltarão? – O peixe sempre volta para seu rio de origem. – Devo ajuda-los? O Mestre anui a aprovar e gira sobre seus calcanhares desnudos. Sarcoscizor volta para entre a grande sombra e os cipós verde-escuros enquanto Kastemyra pensativa observava o horizonte cobiçado pelo ardor de Edwar. A mulher vira-se como seu Mestre, voltando para a árvore. “Que assim seja, espero que fiquem bem”. – pensou Kastemyra a fechar a porta redonda com suas mãos brancas.


  • Feita por Lucas Monteiro


Arigato Lucas o/

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