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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Os Letraks - 6

O chão era gelado e duro, as faces dos meninos estavam coladas nele. Edwar, Hariel e Simon esparramados pelo piso abrem os olhos lentamente, vendo com a visão embaçada uma sapatilha marrom em suas frentes.
– Espere Ilan! – pediu uma voz feminina.
Estou no céu?” – pensou Edwar tentando se equilibrar com o auxílio dos braços.
– Não vou voltar nunca mais aqui, Lucy – vociferou Ilan zangado. – Você é uma bruxa! Não acredito que você mentiu para mim, por todos esses meses! – disse Ilan cerrando os pulsos. – Pensei que você era normal, mas é uma bruxa de Satanás!
– Eu não menti! – retrucou Lucy – E não sou uma bruxa! Nunca menti para você, Ilan. Apenas não falei a verdade.
– É quase a mesma coisa.
– O que está havendo? – perguntou Hariel com um tom severo a ajudar Simon a se levantar.
Ilan olhou com ódio entre os olhos até Hariel, deu um passo para trás e depois se retirou a xingar coisas inaudíveis. Kastemyra, agora com nome de Lucy usa a antiga roupa que estava a vestir na primeira vez que avistou Edwar. Lucy franze suas sobrancelhas.
– Não queria que Ilan me odiasse – falou a moça para ela mesma.
– Vocês já se conheciam? – perguntou Edwar já de pé com uma mão na cabeça.
“Dor de cabeça”
– Sim, já alguns meses eu e ele nos conversamos – respondeu Lucy, depois se virou indo até o balcão na entrada – até tivemos um encontro, mas queríamos deixar tudo escondido, pois ele já namora. – terminou ela com um tom triste.
– Mas, vocês pareciam…
– Esqueçam isso! – disse Lucy a interromper Simon. – Vocês três são os que estão aptos a se aventurar nas terras de Karnaban?
– Estou! – respondeu Edwar com um largo sorriso no rosto a se mover ao lado do balcão – Vou buscar as minhas coisas neste exato momento.
– Só peço que não contem a ninguém, os humanos não podem saber disso! – pediu ela.
– Humanos? – sorriu Simon a falar – Se algum de nós contarmos isso a alguém… irão chamar a ambulância do hospício.
Edwar da um passo para fora da biblioteca.
– AAHH!
– O que foi? – pediu Simon com uma cara curiosa.
– An… a… existem fadas e duendes lá fora! – respondeu assustado retrocedendo o passo.
Lucy ri.
– Seus olhos agora podem ver o que estão dentro e fora dos livros. – respondeu a mulher. – Este mundo inteiro estava oculto até vocês descobrirem a verdade sobre o mundo. As criaturas bondosas vivem entre nós por toda a vida.
– Todas elas saíram de dentro dos livros? – perguntou Edwar a sorrir.
Lucy apenas concorda com a cabeça.
– E nós Hari? – questionou Simon. – Vamos pegar as nossas coisas também!
Os longos cabelos de Hariel estão mais acinzentados do que outrora. Ele fecha os olhos em preocupação.
– Simon – fez uma pequena pausa – olha: nós já temos uma vida muito boa aqui.
– Muito boa pra quem, hein?
Edwar retoma seu passo com os olhos desconfiados a fitar as fadas no jardin.
“São apenas purpurinas ambulantes, não vão me fazer mal”.  – pensou o garoto.
– Volto logo Kast… – parou e pensou – Lucy.
– Aquele garoto tem mais decisão do que você Hariel! – gesticulou Simon para a porta da biblioteca. – Eu vou voltar ao restaurante e quando acabar o meu expediente vou vir para cá depois que tomar um banho.
– A biblioteca não fica aberta para humanos à noite. – disse Lucy secamente.
Hariel apenas olha para Simon com um olhar dizendo “eu ganhei”.
– Mas sempre estará de portas abertas para Guardiões das Letras! – sorriu Lucy olhando nos olhos de Simon.
Agora foi a vez de o rapaz arrumar a sua franja para o lado e exalar o olhar igual ao de Hariel outrora.
– Você promete um monte de porcarias, de poeminhas e no fim não faz nada por nada, Hariel – Simon cutuca o peito de seu companheiro com o dedo indicador – Você é um trouxa. Nosso relacionamento acabou!
A sua franja esvoaçou quando girou irritado em direção à porta. Hariel se contorcia, suas pernas tremiam para não alcançar ele e extravasar a imensa raiva que ele estava sentindo.
– Eu não fiz nada para você falar isso! – exasperou Hariel olhando para o chão e com as mãos cerradas.
– Você mentiu para mim, isso que você fez!
– Eu sou capaz de te proteger até mesmo com uma espada! – surgiu uma veia na testa do rapaz – Posso não ser muito inteligente como você, mas faço o máximo que posso para te deixar feliz.
– Tenham calma, meninos! – olhou severa – Vamos fazer que nada aconteceu, e de noite, quando os portões da biblioteca se fecharem vocês vem até aqui, tudo bem?
Uma menina entra na biblioteca com três livros, seus cachos eram volumosos e seus olhos grandes. Simon olha para ela e vê uma imagem distorcida, rapidamente o mesmo fita Lucy a sorrir, depois passa a observar novamente a face da menina: agora seus olhos estavam como gato e em sua testa tinha um símbolo ornamental.
Simon respira fundo e dá passos rápidos para fora da biblioteca.
– Olá querida! – cumprimentou Lucy a observar aquela menina a colocar os grossos livros sobre o balcão.


“Pelos deuses do videogame, como que existem tantos bichos assim no mundo?” – pensou Edwar a andar depressa nas calçadas. Ele viu outrora um cachorro de quatro pernas, pessoas estranhas rodeadas de fadas. O menino a olhar ao chão pisa no asfalto para atravessar a rua, com suas mãos no bolso e capuz encobrindo a sua cabeça vai despreocupado até a metade da rua, pois o sinal estava verde aos pedestres, mas de repente ouve ao longe uma coisa estranha.
– Gala glagla gagla uuuu tagakla!
Edwar olha para seu lado direito e um carro todo verde, distorcido com três criaturas verdes, narigudas, com orelhas longas e pontudas estavam a dirigir descontroladamente. Sua respiração acelera, mas perde o fôlego a se jogar para trás. O alto carro pequeno na largura passa rapidamente na frente dele. Edwar cai de costas ao asfalto. Um dos pequenos bichos verde se pendura na porta e fala rapidamente uma estranha língua que parecia advertir o menino, suas palavras se perderam conforme eles se afastavam.
“Aquilo eram goblins? Wow! Eu sabia que existiam, será que são tão fracos como nos RPGs?”.
Edwar se levanta e chega à calçada do outro lado, depois, percorre mais duas quadras até sua casa.


– Lily! Estou de volta. Demorei muito? – perguntou enquanto observava as escadas.
A casa estava silenciosa, mas a porta estava aberta.
– Lily? – Edwar sobe as escadas vasculha todos os cômodos, mas sua irmã não estava em nenhum deles.
“Onde aquela chata foi? Ela tinha chegado mais cedo, não tinha?” – o menino olha para o relógio de parede em seu quarto e percebe que se passaram 15 minutos desde a sua saída de casa à biblioteca.
– Bem, então vou arrumar as coisas.
O menino entra em seu quarto, pega uma mala que estava sub a cama, abre seu guarda-roupa, joga umas peças, pega um tablete, canetas e um bloco de notas e reúne tudo dentro da mala. Minutos se passam e o garoto com dificuldades desce as escadas com a mala estufada com o acúmulo de coisas dentro da mesma.
A porta principal se abre e Lily e um rapaz entra à sala.
– O que você está fazendo moleque? – perguntou o namorado dela. Lily joga sua bolsa ao sofá.
– Está querendo ir aonde, irmão?
– Li… Lily? – deixou a mala cair no resto da escada. – Ai droga!
– O que está havendo? Porque essa mala? – questionou a irmã ir ver a mala aberta no primeiro degrau.
– Onde você tinha ido? – colocou suas mãos na cintura.
– Eu estava na casa do Mikye, eu tinha te falado ontem na ultima vez que a gente se viu.
– Ultima vez? – Edwar desce as escadas com o cenho franzido – Mas você não veio uma hora antes hoje?
– Não, e não fuja do assunto inventado historinhas, agora me diga: vai para Marte? – riu sarcasticamente – Você não sai daquele quarto! Só fica jogando jogos malucos, uma hora seu cérebro vai explodir e seus olhos saltar.
– Ah, e você vai ficar grávida indo todo dia na casa do Mikye. – retrucou com um bico aos lábios.
– Ahh! – pega essas malas e sobe para cima!
– Não, vou subir para baixo. – contra-atacou Edwar.
– Quieto! Não vai sair de casa. – disse Lily com as mãos na cintura. – E vai arrumar aquele quarto, porque está uma bagunça.
– Meu quarto é bem grandinho, pode se arrumar sozinho.
Edwar faz uma cara de descontentamento com uma mistura de irritação, pega as malas e começa a subir as escadas.
“Porcaria de irmã, agora tenho que sair escondido de noite”.
– Miu! – correu um gato cinza para as pernas do menino.
– Eduardo? Onde você estava seu gato ninja?


“Será que todos já dormiram?”
Edwar olha para o seu despertador ao lado da cama. Ele estava coberto olhando para o teto com figuras de desenhos e jogos grudados, pôsteres pendurados nas paredes de um homem com uma espada e a conjurar um poder de luzes roxas. Na cabeceira da cama pequeninos adesivos multicoloridos de mais alguns jogos, mas eram tantos quanto estralas no céu em uma determinada área.
“22:43 e está um silêncio total na casa, vou para a biblioteca”.
Edwar a usar alguns travesseiros, faz com que eles parecerem ser ele a dormir na cama.
Com as pontas dos pés a tocar o suave tapete no chão de seu quarto, o menino alcança a mala debaixo de sua cama e arrasta a mesma para perto dele. Vagarosamente Edwar percorria o corredor, ele para. Dentro do quarto ao seu lado podia escutar o roncar do namorado de sua irmã.
“O Mikye ronca mais alto que britadeira no asfalto”.
O piso era frio e fazia com que o tremor de insegurança nas pernas de Edwar aumentasse. Seus finos dedos ficam brancos envoltos da alça da mala. Em passos lentos e silenciosos descia degrau por degrau cuidando para não executar algum barulho, mas para e vira-se abruptamente a fitar o fim das escadas. Estava escuro Edwar escutou algum barulho mais abaixo.
“Será que é a mãe? Minha irmã? Oh se eu pudesse ver no escuro. Ou um ladrão?”.
De repente Edwar vê um vulto, ele se apavora, mas não grita, sua pulsação acelera e por alguns segundos suas pupilas se dilatam até parecerem um fundo poço úmido de medo. Estufa o peito, solta a mala fazendo com que ficasse em um degrau e começa a descer a escada. Os olhos e os punhos de Edwar estavam cerrados. Analisa o vaso brilhante no meio da escada, mas rapidamente da um passo. Agora ele observava a estrutura de madeira rubra da mesa de vidro, no meio dela, refletia uma tênue luz da cidade que passava por uma pequena abertura na cortina.
“Não foi nada, mas eu estava preparado para o fosse”.
Gira sobre seus calcanhares e sobe alguns degraus quando passos rápidos são ouvidos por Edwar, mas eram rápidos para ele ter alguma reação. Eduardo aparece no alto da escada e desce como se fosse uma pinha a cair da árvore. A queda do gato foi rápida o suficiente para ele ficar exatamente abaixo do próximo passo do menino.
– Mgeeeew!
– Ahh!
Edwar pisa sobre o gato, e em consequência ambos berram. O menino tenta se equilibrar nos degraus, mas o mesmo cai. Rolava sobre a escada até parar no chão, quando ele bate o queixo.
“Ah… Ai! D… dói muito! Maldito gato, o que ele fica fazendo acordado nessa hora?”– ele se levanta e procurava o gato com o cenho franzido – “Caramba, acho que fiz muito barulho”.
O menino sobe com cautela, pega a mala e gira-a com rapidez, contudo a mesma bate levemente do braço do vaso ai lado da escada.
– Na na na na não!
O vaso quica em dois degraus e salta com maestria e desgraça rumo ao chão. Parte-se em sete pedaços que são espalhados por todos os lados. Edwar fica paralisado com a boca aberta a segurar a mala.
“Minha mãe vai me matar! Não acredito que quebrei o vaso que minha vó deu para a mãe. Já estou me considerando morto. Meu gato é idiota, só pode ter problemas”.
Rapidamente Edwar passa pela sala e depois a cozinha, pega uma fina chave e a coloca na fechadura das portas da cozinha.
“Ir pelos fundos será menos problemático. Estou com o couro dolorido, estou todo ralado”.
No corredor, a porta é aberta por Mikye de seu quarto. Ele usa apenas um calção de tecido fino e azul claro. Observa o corredor a coçar o nariz, depois vira para o outro lado e agora coça suas partes íntimas. Volta até a porta de seu quarto e cheira o seu dedo. Mikye fecha a porta enquanto Edwar trancava a da cozinha.


– Não minta para mim, seu retardado! – berrava uma voz feminina aguda.
– Calma Marisa, é a mais pura verdade! – gesticulou Ilan até a mulher de cabelos loiros e encaracolados.
Ambos estavam de pé na sala do apartamento de Ilan enquanto a televisão saía faíscas.
– Você estava me traindo, seu filho da mãe! – exasperou Marisa a jogar a sua bolsa com faixas de amarelo e laranja neons.
Ilan esquiva-se.
– Não, não faça isso! Eu juro, é verdade! Suas amigas que inventaram isso.
– Você acha que eu sou burra para acreditar em fadas e outros bichos? – Marisa pega um porta-retratos e joga em direção ao rapaz.
Em um golpe certeiro o porta-retratos atinge a testa de Ilan.
– Ahh! Já chega! Para de me jogar coisas, Marisa! – pediu a se esquivar de um anjo de miniatura a voar contra ele. – Você já destruiu minha TV jogando água nela, por que você está agressiva? Você não era assim.
– Minhas amigas viviam falando para mim que você ia à biblioteca ver uma vadia. – pegou seu salto alto e jogou contra Ilan – Como fui burra!
– Eu não te traí, eu te amo Marisa! – Na testa de Ilan, uma marca vermelha na pele começava a se formar, depois de alguns minutos certamente ficaria roxa.
– Falar isso até meu vibrador fala! Quero que me prove seu safado! Só acredito vendo!
Ilan franze o cenho e dá os passos até alcançar a mão de Marisa.
– Chega. – pediu suavemente Ilan a envolver o pulso da moça. – Vou fazer você acreditar, Marisa. Vou pegar o carro e te levar até a biblioteca.
A moça sorri com um dos cantos da boca, seu batom rosa fazia seus lábios ficarem excitante.


Edwar carregava com um esforço a sua mala pesada pela calçada. Ele só precisava virar a esquina em andar mais alguns metros para ficar frente à biblioteca.
– Edwar! – chamou-o uma voz ao longe.
Rapidamente o menino se vira para observar quem era temendo ser algum de seus familiares.
– Simon? – falou surpreso ao ver o garçom atravessando a rua.
– Oi! – disse chegando. – O que aconteceu? Você não ia ir ainda à tarde à biblioteca?
– Ocorreram algumas coisas inesperadas, mas você está aqui para o mesmo motivo que eu?
Simon balança a cabeça positivamente. Dão alguns passos e chegam à biblioteca. Quando estavam a entrar nos azulejos do local Simon observa um carro familiar parado frente a eles.
– Eu me lembro desse carro.
Uma brisa passa e Edwar sente o perfume doce que Simon estava usando. O garoto loiro se vira colocando a mala pesada ao chão. Vai até a porta do carro e analisa o interior do mesmo pelo vidro. Simon levava uma mochila preta nas costas.
– O que foi Edwar? – enrugou levemente seu cenho
– Esse carro é daquele cara chato que brigou com o seu namor… – Edwar interrompeu, pois era constrangedor a ele falar que um homem era namorado de outro homem.
Simon pigarreou desconcertado.
– Vamos – falou Simon a tirar sua franja dos olhos – será que Kastemyra está aqui?
O garoto de franja coloca sua mão fina e pequena na porta de vidro com estrutura de madeira e a mesma se abre levemente.
– Está aberta!
Edwar curioso, pega sua mala novamente e anda até a porta. Simon da alguns passos adentro à biblioteca e para abruptamente com suas passadas, suas mãos ficam espalmadas e levemente afastadas do corpo.
– O que foi Simon?
O mesmo da um passo para trás batendo em Edwar. Ambos caem no chão, o menino loiro bate a cabeça na porta e a mesma se fecha gerando um barulho alto.
– Eu to tomando cada Hit Point hoje, que minha vida ta quase zerando! – exasperou Edwar indignado a colocar uma de suas mãos sobre a cabeça dolorida. – Por que você fez isso?
Com a mão na testa e os olhos azuis semicerrados, o garoto se levanta e observa no chão, a alguns metros, manchas de sangue que percorriam por todo o caminho até uma porta. Edwar fica com a boca levemente aberta e seus olhos um pouco arregalados.
– O que aconteceu aqui?
– Não sei – respondeu Simon a se levantar.
– Vamos ver o que tem naquela porta. – aponta Edwar.
– Você ta louco? – de repente ambos escutam um folhear de páginas muito forte provindo da sala atrás da porta que acabava o caminho do sangue.
– Venha! – Edwar anda sobre o sangue com cautela para não cair mais uma vez e se deixar ainda mais ralado e roxo, chega até frente à porta branca, coloca sua mão direita sobre a maçaneta dourada, gira-a lentamente. Os batimentos cardíacos aceleram, seus lábios se comprimiam formando uma fina linha. Simon em alguns passos atrás do menino respirava em longos intervalos.
Um clique metálico é produzido e o ranger da porta sendo aberta é soado. Ambos os meninos arregalam abruptamente os olhos e a boca, e suas sobrancelhas se elevam.
– Meu Deus! – diz Simon a colocar uma mão na boca.

  • Feita por Lucas Monteiro
Arigato Lucas

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