A
festa futurística
Bagunçou os negros cabelos espalhando-os
como bem entendeu e então virou-se para se apresentar a Esis.
-Bom, mas... – Esis se levantou e
penteou um pouco o cabelo de Dean – Assim é melhor.
-Que chato é você.
-Vamos ou vamos nos atrasar.
-Para que? Servir de zombaria para Enzo
e seus colegas? – Dean não estava muito a fim.
-Não, para se divertir com seu melhor
amigo.
Eles se retiraram do prédio seguindo ao
estacionamento onde Dean ligou a moto para que pudessem seguir para o centro.
Esis montou na moto e deu permissão para partir, assim eles pegaram a estrada.
Ao longe já podiam ouvir a musica que
tocava, ate que não era uma má escolha, mas deduziram que talvez Enzo tivesse a
consciência de não prejudicar a cidade, afinal ele precisava dessa doação tanto
quanto qualquer um ali.
Ele parou a moto e depois que desceu
seguiu para adentro da festa com Esis ao lado. E lá estavam as belas garotas –
lideres de torcida –da ala norte, sorrindo e dançando para que os garotos
pudessem escolher com qual delas ficaria, ao menos essa era a visão delas que
Dean tinha.
Leandra – uma velha amiga que tinham
conhecido quando entraram na instituição, aos dez anos, há sete anos – se
aproximou deles.
-E então? Acham que vamos arrecadar algo
este ano?
-Com toda certeza – Esis respondeu – Se
Enzo não estragar tudo.
-Ele não é tão louco – disse Dean.
Eles começaram a dançar, beber e
paquerar, esperando não incomodar ninguém ate o final da noite.
Sua cabeça estava começando a doer,
talvez ele tivesse bebido demais. Tinha perdido Esis e Leandra de vista, droga,
como voltaria ao dormitório assim? A noite já estava pela metade quando ele
finalmente se afastou de tudo aquilo, sentando-se na sua moto no
estacionamento, ao menos ele acreditava que fosse essa a sua moto.
Havia poucas pessoas ali, um grupo desconhecido
com dois homens e uma mulher, e alguns alunos do outro lado que estavam tão
alcoolizados quanto ele.
-Que dor de cabeça!
-Dean? – era a voz de Esis, mas estava
distante. Dean ergueu os olhos a ponto de ver um garotinho de cabelos prateados
a sua frente – Onde você está Dean?
O garotinho estava assustado e chorava
muito, Dean tentou alcança-lo com a mão, mas caiu depois que se desapegou da
moto.
-Esis, estou aqui – disse ao garotinho
que continuava a olhar em volta sem enxergar nada, então a imagem da criança
foi se apagando aos poucos deixando apenas sua voz chamando pelo nome de Dean.
Fechou os olhos temendo dormir ali,
ouviu passos se aproximar, pareciam estar pisando sua cabeça.
-É ele? – era a voz de uma mulher, ele
não ouviu nada depois – Certo, levante-se garoto.
Dean não sabia ao certo se era com ele
que a mulher estava falando, mas teve certeza quando o pé dela acertou seu
estomago. Ele pôs tudo que tinha comido para fora e então se colocou de pé como
pode. Aquela dor com toda certeza não era por causa da bebida.
-O que você quer? – ele perguntou se
afastando, mas não sabia o quanto se afastar, só enxergava borrões – Eu não
tenho nada.
-Só queremos uma coisa, Lumina draconis,
entregue-nos e saímos daqui o mais rápido possível – agora era um homem que
falava, mas do que ele o tinha chamado?
-Eu não sei o que querem.
-Sabe sim, nos entregue e tudo fica bem
– a mulher voltou a falar.
-O que? Entregar o que?
-Já chega! – disse outro homem, Dean
sabia porque a voz não era igual ao primeiro. – Bestiae in montibus.
Por mais absurdo que fosse Dean
conseguiu entender o que ele tinha dito, só não sabia por que ele tinha dito
isso.
Sua visão se clareou um pouco mais a
ponto dele ver um leão de pelo negro vir para cima dele. Colocou as mãos como
proteção e o bicho o derrubou no chão tentando cravar seus dentes na carne de
Dean. Não sabia de onde tinha tirado tanta força para afastar aquele leão
daquela maneira, mas no momento estava apenas dando graça.
-Pare – ele pediu ao homem que tinha
dito as palavras – Eu não sei o que querem.
-Nos entregue ou vai morrer garoto – a
mulher o ameaçou.
Mas ele não tinha ideia do que eles
procuravam. Dinheiro? Algum pertence? E por que eles não podiam te dizer o que
era?
O leão pressionava cada vez mais ate
conseguir por a pata no pescoço de Dean e começar a asfixia-lo. Ele tentou
aspirar ar de onde não tinha, estava morrendo e ninguém poderia ajuda-lo.
-Nocte draco – as palavras correram por
seus lábios com uma mistura doce e perigosa, ele não fazia ideia do por que
tinha dito, mas descobriria logo.
O leão foi lançado de lado e Dean pode
ver a criatura mais linda e ameaçadora a sua frente. Tinha o cabelo longo preso
por um rabo de cavalo, e um cetro de prata e turmalina rosa nas mãos, mas o que
mais encantou Dean foi o brilho a sua volta. A criatura o encarou e Dean
percebeu certa semelhança, mas sua mente turva não o deixava lembrar, e aqueles
asas escamosas – mas com certa delicadeza pelo toque sutil de rosa que elas
tinham a mistura de prata – e perigosas que surgiram a seguir o intimidou.
-Vão embora – a criatura avisou aos
estranhos.
Dean reconheceria essa voz em qualquer
lugar do mundo, só não compreendia o que estava acontecendo. Quem eram aqueles
estranhos? Por que seu amigo estava daquela maneira? E por que ele o tinha
achado atraente?
-Ai está, não é magnifico? – observou a
mulher – A delicadeza e beleza de uma flor e o perigoso veneno de um espinho.
-Eu mandei irem embora – como Esis
poderia lutar? Dean não saberia comandá-lo e ele não poderia fazer nada sem as
ordens.
-E se não formos? – o mestre da besta se
aproximou.
-Eu farei pagá-los por me incomodar. –
ele tentou parecer o mais ameaçador possível para afastar os sujeitos antes que
provocassem uma briga.
Eles não pareciam querer recuar, mas
então a mulher tomou a frente e disse:
-É melhor nos irmos, nos vemos depois
dragão – ela disse dando as costas com muita confiança para Esis.
Os outros dois homens demoraram-se mais
a ir e quando eles não estavam mais a vista, Esis foi ate Dean. Precisava
tirá-lo dali o mais rápido possível.
Olhou-o para conferir se estava tudo bem
e encontrou algo nos olhos de Dean que não o agradou.
-Lumina draconis? – Esis se perguntou – Não
esperava por isso.
Dean abriu os olhos e encarou o teto do
dormitório, não se lembrava de muita coisa do que tinha acontecido ontem na
festa, mas uma coisa que não se apagava da sua mente era a visão de Esis a sua
frente depois dele ter dito aquelas palavras. O que tinha sido aquilo afinal?
Sentou-se na cama e como esperado Esis
não estava em sua cama, ele nunca estava. Queria levantar-se, mas ainda estava
meio tonto, não tinha certeza que não cairia se ficasse de pé.
Mesmo assim tentou, apoiando-se nas
coisas mais próximas e seguindo para fora. Vince o encontrou no corredor e veio
ao seu socorro.
-Você está bem cara?
-Sim, só exagerei na bebida ontem –
inventou uma desculpa.
-Então você bebeu pra caramba – Vince
observou a postura e os olhos de Dean, estava acabado, parecia que tinha andado
brigando com elefantes.
-Eu sei Vince, me ajude a chegar ao
refeitório. – ele pediu ignorando sua aparência – Sabe onde está Esis?
-Não, ele saiu hoje cedo, mas prometeu
estar aqui no final da tarde. Parece que hoje não haverá aula.
-Por quê? – seu interesse estava
desfocando-se lentamente e ele mal percebeu.
-O carro do diretor estava detonado,
parece que alguém quis brincar no estacionamento. O diretor está tentando
descobrir quem foi, mas antecipadamente já culpou Enzo pelo desastre – Vince
riu da própria piada, pois ninguém além dele ria das piadas que fazia.
Dean esperou chegar a uma mesa e
sentou-se o mais rápido que pode, a tonteira parecia apenas piorar.
-Certo Vince, obrigado pelas informações
e pela ajuda.
-Sem problemas, mas você devia voltar
para o dormitório, não parece bem.
-Vai passar!
Vince se afastou e Dean pediu a Rosane
para lhe trazer o de sempre. Precisava comer ou ia desmaiar ali mesmo.
Rosane mal acreditou no monstro
destruidor que estava a sua frente quando Dean acabou com três waffles e um
copo de suco de laranja em apenas cinco minutos.
-Garoto que apetite – ela comentou se
afastando e voltando ao seus afazeres.
Pelo menos a tonteira tinha passado,
agora ele estava enjoado. Mas não tinha tempo, tinha que procurar por Esis,
para que ele lhe explicasse o que tinha acontecido.
Seguiu ate a quadra, de vez enquanto
encontrava Esis por ali. Mas não estava lá.
-Que droga Esis, para onde você foi?
Tirou o celular do bolso e telefonou,
ninguém atendeu. Era sinal de que ele não queria falar com Dean, mas tinha, de
um jeito ou de outro, ele tinha que se explicar. Ligou varias vezes, mas em
nenhuma Esis atendeu.
Resolveu esquecer por enquanto, afinal
Esis tinha que voltar ao dormitório em algum momento, eles não tinham outro
lugar para ficar que não fosse o colégio ou a antiga casinha onde tinham morado
por muito tempo, mas Dean duvidou que ele tivesse voltado para lá.
Dean voltou-se para o refeitório e comprou
um salgadinho, quando ele estava irritado comia bastante, fato.
Hoje era sexta, para muitos significava
um dia próximo da liberdade, para Dean mais um dia comum como qualquer outro,
afinal ele não tinha para onde ir se saísse daqui, então no sábado e domingo ele
e Esis ficavam no colégio sem fazer nada. Sexta também significava o dia em que
as garotas poderiam vir à ala masculina, para o treinamento das torcedoras e
dos jogadores de basquete – esporte mais valorizado ali – mas somente para que
as torcedoras não atrapalhassem no jogo e os jogadores não atrapalhassem na
torcida.
Abriu
o salgadinho e sentou-se próximo a janela. Onde Esis estaria afinal? Ele queria
muita saber quem eram aquelas pessoas, o que significavam aquelas palavras que
ele conseguia entender muito bem e principalmente por que ele mesmo tinha dito
palavras estranhas.
Ele sabia que era latim, pois já tinha
estudado essa matéria, mas não tinha aprendido nada, então como entendeu
perfeitamente agora?
E aquela besta, de onde ela tinha
aparecido? Ele nunca tinha visto um leão de pelo negro e de olhos tão amarelos,
era uma aberração. E Esis, oh Deus, ele estava tão lindo e tão delicado com
aqueles cabelos compridos presos num rabo de cavalo. Dean acertou um tapa no
próprio rosto para parar de pensar nisso.
Encontrou algo no salgadinho que não era
comestível, só poderia ser mais uma daquelas promoções onde ganhava uma carta
de algum desenho que está em modinha na televisão. Ele encarou a figurinha em
sua mão, era uma espada prata e rosa, que lembrou-lhe muito o cetro que Esis
tinha ontem.
Ele olhou a embalagem do salgadinho, a
promoção era do homem-de-ferro, desde quando homem de ferro tinha uma espada?
De qualquer maneira aquela carta não era muito normal, não tinha aquelas
informações de ataque e defesa ou mesmo qualquer outra coisa, era só a espada e
as margens enfeitadas por folhas de videira.
-Rosane, por favor, eu quero mais três
salgadinhos.
-Garoto você tem que parar com isso...
-Rosane vai logo pegar os salgadinhos.
Ela se afastou resmungando alguma coisa
que Dean não pôde ouvir, mas também não queria, ela reclamava de tudo. Então
voltou com três salgadinhos que Dean abriu e despejou pela mesa, ela começou a
reclamar que ele ia limpar, mas ele estava mais interessado nas figurinhas.
Eram totalmente diferentes daquela. Então o que era aquilo?
-Obrigado Rose – ele se retirou do
refeitório a deixando reclamar sozinha.
Adentrou a biblioteca e seguiu ao
computador mais próximo. Entrou no site que as figurinhas continham, viu todas
as figurinhas e nenhuma era como a espada que ele tinha em mãos. Então fez algo
que já deveria ter feito há muito tempo, ele virou a carta da espada, atrás
tinha escrito em letras fortes Pugnator.
Mas o que isso queria dizer?
Tentou ligar para Esis mais algumas
vezes e deixou para depois quando já tinha ligado umas quinze vezes.
Saiu da biblioteca com a carta no bolso
e seguiu para quadra, queria desejar boa sorte a Leandra, que pretendia entrar
para as torcedoras. Como as alas dos meninos eram as únicas a ter uma quadra
descente – a quadra da ala feminina estava em reforma desde o ano passado –
elas vinham fazer isso aqui.
Ele sentou-se na arquibancada e acenou
quando Leandra o viu. Ela subiu correndo ate onde ele estava.
-Estou tão nervosa!
-Não fique, já vi seus movimentos, são
de impressionar.
-Obrigado, mas o que te impressiona pode
ser um nada para eles. – ela apontou o júri, e ali no meio daquelas cinco
pessoas Dean enxergou apenas uma.
-Esis – gritou, de pé. Seu amigo virou o
rosto para lhe fitar, estava bravo.
-O que quer? Não está vendo que estou
ocupado?
Dean irritou-se pela maneira que este o
tratou e caminhou ate mais próximo, enquanto Leandra era totalmente ignorada
ali atrás.
-Miserável, eu te procurei sem parar
hoje.
-Já me achou, diga o que quer, eu tenho
que continuar.
Então Dean percebeu a vergonha que
estava passando, todos – todos mesmo – estavam olhando para ele.
-Desculpe – pediu a todos – Depois
conversamos.
Esis assentiu e voltou à atenção a
quadra.
-Então... O que foi isso agora? Foi meio
estranho! – perguntou Leandra tentando fingir não ter sido ignorada.
-Desculpe, mas bem... Boa sorte.
Leandra fechou a cara e encarou a
quadra, ou melhor, um dos juízes, mas Dean nem percebeu por que também estava
com os olhos fixo nele. Não o deixaria sumir de vista agora.
-Vem ver mais de perto – ela começou a
descer as escadas correndo apegada a mão de Dean.
Leandra tropeçou e gritou quando viu que
ia cair, isso chamou a atenção das pessoas ali bem e no momento em que Dean
agarrou a cintura da amiga para impedir que ela se machucasse Esis virou-se
para ver o que estava acontecendo.
O corpo de Esis se encheu de raiva e em
sua cabeça passou milhões de acontecidos para Leandra estar nos braços de Dean,
menos que ela tenha tropeçado. Ele se levantou e se retirou da quadra seguindo
para o lugar mais distante que pôde, antes que voltasse e estrangulasse
Leandra.
Dean viu Esis se retirar e pelo visto só
ele percebeu o quão rápido ele tinha se movido. Sem pensar muito ele soltou
Leandra que reclamou alguma coisa, mas ele não estava ouvindo, queria entender
por que Esis tinha ficado bravo e se retirado. Seria possível...
-Dean – Leandra o gritou, todos estavam
rindo dela graças a Dean.
-Desculpe – ele ajudou-a a se levantar e
passou por ela correndo indo atrás de Esis.
Mas não fazia ideia de onde ele tinha
ido, procurou com os olhos por toda a área do colégio que conseguia ver, mas
não o viu. Começou a procurar por todos os lados.
Adentrou o quarto sem esperanças de
acha-lo, estava cansado, tinha percorrido toda a ala masculina atrás dele,
procurou ate no banheiro, mas ele não estava. Quando Esis queria se esconder
ele sabia muito bem como.
Deitou-se na cama e encarou a cama ao
lado da sua vazia. Fechou os olhos por um momento visualizando a cara de bravo
que Esis tinha feito lá na quadra, ele queria muito que isso tivesse ligado a
apenas um sentimento.
Abriu os olhos novamente sentindo a
brisa leve em seu rosto, mas tinha quase certeza que a janela estava fechada.
Ele se viu num campo de flores, o campo de primavera – um lugar daquela cidade
onde as coisas mais lindas aconteciam – na floresta encantada – eles tinham
dado nomes aqueles lugares.
Havia dois garotinhos ao longe e ele se
aproximou para ver quem eram. Quem mais seriam se não fosse Esis e ele? Brincando
entre as flores sempre perto um do outro, Dean colocou na cabeça de Esis uma
tiara de flores amarelas, e percebeu o quanto qualquer coisa lhe caia muito
bem, Esis sorriu agradecendo pelo presente.
Eles se levantaram, deram as mãos e
começaram a caminhar. Dean tentou acompanhar os garotinhos, mas quanto mais
caminhava, mais longe estava das crianças. E então estava de volta ao quarto,
esse tinha sido o mais perto de tranquilo que ele tinha desses momentos ou
visões.
A porta do quarto se abriu e qual não
foi sua surpresa quando Esis adentrou o quarto de cabeça baixa. Ele sentou-se
na cama, mas Esis passou sem olhar para ele e começou a preparar a cama –
dormiria tão cedo?
O corpo de Esis tremia de raiva e ele
não queria ter que descontar tudo em Dean. Queria dormir e acordar pensando que
aquilo não passou de um sonho, mas pelo visto Dean tinha outras intenções.
-Esis precisamos conversar – ele disse
decidido.
-Não temos não – uma carta foi lançada
sobre a cama de Esis, ele a pegou depois de um tempo e encarou a carta irritado
e assustado ao mesmo tempo – Quem te deu isso?
-Agora quer conversar?
-Não, não me importa – ele atirou a
carta na cama de Dean.
-O que é Pugnator?
Pelo visto ele não ia desistir, mas
afinal que mal tinha contar a ele agora. Ah é, Dean podia não estar preparado
para o que ia ouvir, podia estar despreparado para lutar, Esis estava bravo com
ele e pugnator não era joguinho para crianças.
-Um jogo!
-Tipo virtual?
-Tipo vida real, muitas pessoas jogam
isso no mundo inteiro – ele disse de uma vez por todas, esse era o mal de
conversar irritado, ele soltava as coisas que mal percebia, mas sabia que Dean
tinha noção disso.
-Me diga o que é Esis – ele pediu se aproximando
do amigo, que afastou – Por que ficou bravo?
Esis tinha ao menos conseguido o fazer
mudar de assunto que não queria nem pensar, para um que ele não queria nem
comentar.
-Ela me irrita, faz esse tipo de coisa
para eu me sentir mal. – disse de uma vez.
-Por que se sentiria mal? – Dean se
aproximou e Esis percebeu que não tinha mais como se afastar quando encontrou a
madeira da cama.
-Por que você não se lembra de nada e
todos se aproveitam disso – ele confessou não conseguindo mais esconder.
Seus olhares se cruzaram buscando por
alguma resposta, então se afastaram.
-Voltando ao assunto – Dean deixou claro
que não ia desistir.
-Amanha Dean, estou cansado.
-E eu também estou cansando, de não
saber das coisas e das pessoas pensarem que podem fazer o que bem entender.
-Por que não vai dizer isso para sua
amiguinha? – aquilo soou como uma ameaça.
Dean resolveu esquecer por enquanto,
pegou a carta e se retirou dali seguindo para o terraço, queria ficar sozinho e
por as coisas em ordem na mente dele, não tinha como uma pessoa como aquela ter
alguma coisa que não seja ódio dele. Ele só queria entender o que tinha mudado
entre eles desde o acidente, mas era obvio que também não ia descobrir tão
cedo.
Bem cedinho Dean acordou e amarrou Esis
a cama, este não ficou nada feliz quando foi acordado com um banho de agua
fria.
-O que quer Dean? – ele perguntou
naquele tom que informava que as coisas não iam ficar assim.
-Que me responda o que te pergunto.
-Tudo bem, mas vai ter de acreditar em
tudo e lembre-se, você pediu para ouvir.
Dean desamarrou Esis que aproveitou-lhe
para lhe dar um soco. Então seguiram para o refeitório, o colégio estava
completamente vazio, só alguns funcionários que também não tinham casas estavam
ali. Para o azar deles Rosane tinha família e não tinha ficado no colégio.
Então se viraram para preparar algo para
comer. Enquanto faziam Esis começou a explicação.
-Pugnator é um jogo real, onde os
mestres comandam seus combatentes a partir de ordens e cartas. Como o homem
daquele dia, o leão era seu combatente e ele era o mestre que dava as ordens,
mas ele precisa das cartas para dons especiais.
-Entendi! Ou mais ou menos, continue. –
era como um jogo virtual só que real.
-Bom, há varias maneiras de se jogar
Pugnator, as três principais sãos os torneios, as disputas e as missões. Os
torneios são nacionais, é como uma eliminatória, convida-se vários mestres e
diante das lutas vão se eliminando ate que sobre apenas um. As regras básicas
de um torneio são: deve ser realizado dentro de quinze minutos no máximo, se o
tempo acabar e não houver um vencedor em arena, os dois são perdedores e são
convidados a se retirar da competição. O torneio é um dos mais importantes
meios de se jogar Pugnator, com ele seu combatente pode ganhar cartas,
experiência e você pode ganhar muito dinheiro e um titulo. Mas as lutas dos
torneios geralmente são realizadas com seis ou mais lutadores, o que torna
difícil conseguir uma vitória.
-Então quer dizer que o torneio é um
jogo para suicidas?
-Não é bem assim, o torneio só serve
para mestres e combatentes fortes e competentes.
-Mas não há como ganhar uma luta de
cinco contra um em quinze minutos.
-Mas essas são as regras. Continuando,
as disputas são lutas individuais, quando um mestre convida o outro para uma
luta, aquele que foi convidado pode ou não recusar a luta se desejar, em
compensação o vencedor da batalha individual pode escolher como premio dinheiro
ou a carta do baralho adversário.
-Como aquele acontecimento do outro dia?
-Não aquilo foi um ataque mesmo – Esis
serviu sua macarronada para ambos – Pronto, sinta-se a vontade para
experimentar.
-Por que eu, se foi você que fez?
-Você mesmo já disse, eu fiz, prova.
Dean colocou um bom tanto de macarrão na
boca e disse:
-Bom, meio grudento, mas bom.
Esis sentou-se e começou a compartilhar
do café da manha mal feito e grudento. Eles encerraram o assunto por enquanto
que comiam, mas de vez enquanto trocavam olhares que nem eles mesmos sabiam o
que significavam.
Depois de comer seguiram para o campinho
e sentaram-se na sombra, então Esis pôde continuar.
-E por ultimo, mas não menos importante
temos as missões. Elas geralmente são passadas numa pagina oficial do jogo que
só os mestres tem acesso, então você escolhe a missão que quer e quando estiver
concluída seu combatente ganha experiência, um novo poder para alguma carta que
você já tenha no baralho e o mestre pode ganhar algum objeto ou mesmo dinheiro.
-Ou seja, os combatentes sempre saem
ganhando?
-Eles fazem a maior parte do trabalho, é
claro que tem ganhar mais.
-Agora me responda algo que quero muito
saber. Sobre as palavras...
-As palavras são a chave para ativar as
cartas ou mesmo o monstro, aquela besta que te atacou naquele dia foi evocada
por seu mestre, por isso o mestre tem de ser tão forte quanto o combatente,
para que suas palavras tenham força de ataque.
-Como acessar a pagina de Pugnator? –
ele perguntou, mas não era ai que queria chegar ainda.
-É só procurar Pugnator, pediram uma
senha e você deve informar o nome do seu combatente.
-E qual seria o nome do meu combatente?
Esis tinha descoberto agora onde Dean
queria chegar e tinha conseguido enrola-lo direitinho.
-Pugnator é um jogo serio Dean, e eu sou
seu lutador, meu nome real é Nocte draco.
Dean não conseguia ficar chocado com
tudo aquilo, era como se já conhecesse esse mundo e na verdade não duvidava de
que tivesse conhecido. Algo lhe dizia que as respostas para todas as suas
perguntas estavam no passado que ele se esqueceu, mas aos poucos estava
lembrando.
-E então o que faremos?
-Vamos iniciar seu treinamento – Esis
disse dando ênfase ao seu.
- Feita por Mia
Arigatoo Mia-chan ;D
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