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domingo, 8 de setembro de 2013

Pugnator

O instituto

Eles estavam correndo de mãos dadas e não pretendiam soltá-las nunca mais, Esis se apertou nos braços de Dean quando este parou de correr. Ele limpou os olhos – das lagrimas que tinha por ter corrido com os olhos abertos o tempo todo – observando o lugar onde tinham chegado, a cidade em si não era lá essas coisas, mas era perfeita. Dean tomou-lhe o rostinho do garoto nas mãos.
-Esse será o nosso lar Esis – ele disse mostrando-lhe.
Eles tinham enfrentado tanta coisa e finalmente tinham conseguido chegar à cidade dourada, nome que eles tinham dado ao novo lar. Tão pequenos, ninguém diria que eles já tinham passado por tanta coisa.
-Não gosto dela Dean, parece assustadora. – ele disse enterrando-se ainda mais no pequeno corpo de Dean, pobre coitados, eram apenas dois garotos, mal tinham completado seu sexto ano de vida e já tinham de aprender a viver por si.
-Você se acostuma – Dean entrelaçou seus dedos aos de Esis e o arrastou para dentro da cidade, ela parecia bem melhor vista assim de perto.
Esis começou a ficar alegre quando viu quanta cor tinha aquela cidade, eles passavam pelas pessoas correndo e sem se importar se estas lhe olhavam feio, eles só queriam ser felizes de hoje em diante.
Eles seguiram para dentro da floresta que tinha ali, parecia uma daquelas florestas encantadas, era tão linda que arrancava suspiros.
-Veja Dean, que lindo – Esis mostrou-lhe o pequeno córrego que tinha ali, ele mexia na agua brincando com ela que mal percebeu quando Dean chegou.
-Sim é lindo Esis – ele abaixou-se para brincar também, mas acabou por escorregar e cair dentro da agua. A corrente era forte demais para ele poder nadar e sair sozinho – Esis!
-Dean! – sem poder pensar em mais nada Esis atirou-se na agua atrás deste.
Dean viu Esis se atirar na agua, mas ele afundou e quando emergiu não estava mais consciente, Dean se esforçou para alcança-lo e percebeu que este estava machucado na cabeça. Ele tentou retirá-los de lá, mas de nada adiantou, algumas pessoas se aproximaram e ele viu sua salvação.
Um homem atirou-se na agua e veio ate eles, mas a corrente era forte ate mesmo para ele. Dean esticou a mão quando o homem se aproximou, mas logo desistiu da ideia quando o corpo de Esis começava a escorregar de sua mão. O homem se lançou para frente com mais força e segurou à blusa de Dean, nesse momento ele deixou Esis escapar-lhe das mãos.
-Não – Dean gritou em desespero quase saltando da cama onde estava, na verdade ele reparou que estava no chão e que Esis o encarava muito irritado.
-Qual o seu problema? – Esis iria soca-lo, mas este desviou – São duas e meia da manha, por favor, Dean.
-Desculpe, não queria te acordar. Foi só...
-Um pesadelo?
-Não sei, pareceu bem real... Como uma lembrança.
Esis sentou-se ao seu lado percebendo o quanto este estava triste e desesperado por causa de um pequeno pesadelo, percebeu que era muito serio.
-Quer me contar o que foi? – ele pôs as mãos nos ombros de Dean.
Dean e Esis eram amigos desde que se lembravam – Dean não muita coisa, já que ele não se lembrava de muito daquela época –, mas Dean não sabia se queria preocupar o amigo com seus pesadelos bobos.
-Não foi nada!
-Então volte a dormir – mandou Esis voltando a sua cama e atirando o cobertor sobre os ombros.
Tempo depois Dean pode ouvir a leve respiração de Esis, ele tinha dormido. Encarou-o por bastante tempo, ele era como um irmão, perdê-lo seria muito doloroso já que Dean nunca teve a ninguém. Voltou à cama certo de que era apenas um pesadelo muito ruim que ele logo ia esquecer.

Ao acordar deparou-se com o quarto vazio, ou mais ou menos já que ele estava ali, mas sozinho. Sentou-se em frustração ainda pensando no sonho que tivera.
Percebeu depois de muito tempo que Esis estava à porta ao observá-lo, estava com uma aparência doce hoje, o que não costumava acontecer. Dean perguntou-se se ele pediria alguma coisa, sempre era assim, mas não entendeu por que seu amigo parecia mais interessante hoje e menos anormal.
A pele clara com aquele doce rosado que ficava quando sentia-se envergonhado por alguma coisa que fez. Seus olhos do rosa mais claro, puro e fora do normal que Dean já tinha visto, e os cabelos prateados mais longos de toda aquela academia, nem mesmo as garotas dali tinham um cabelo tão perfeito. Usava aquele pijama que sempre fazia Dean rir, pelos porquinhos desenhados nele que o próprio Esis tinha feito.
-Pare de me olhar assim – ele disse com um sorriso alegre, mas um motivo para Dean desconfiar – Levante-se se não quer que o treinador venha aqui.
Ele tinha se esquecido que hoje tinha educação física, aula que menos gostava por que seus colegas costumavam ser um pouco desagradáveis. Dean queria saber como Esis tinha conseguido licença para não frequentar essa aula.
Esis passou por ele entregando-lhe sua mochila e eles saíram do quarto depois que se trocaram. Era difícil estudar numa instituição só para garotos ainda mais quando se era alguém como Dean, precisava ver algumas garotas, ou os hormônios dele explodiriam.
Caminhando logo atrás de Esis, Dean tentou não se lembrar do sonho, mas era impossível, agora era como uma lembrança revivida. Ele queria saber o que aconteceu depois... Depois que soltou Esis.
-Dean assim não dá, fica aqui só por alguns minutos – Esis reclamou estalando os dedos a frente do seu rosto, ele sorriu ao ver a preocupação nos olhos dele – Não sorria assim como se minha irritação fosse motivo de animo.
-Desculpe-me novamente. Vamos no refeitório primeiro?
-Vamos, estou faminto.
Eles saíram do prédio seguindo ao próximo, onde era a ala de recreação e atividades em campo. Do outro lado da floresta, onde tinham plantado eucaliptos propositalmente para separar a ala feminina da masculina, encontrava-se o prédio das meninas da instituição, já podia ouvir o ensaio das lideres de torcida.
Quem podia imaginar que um lugar tão enterrado na mata pudesse virar uma cidade tão estruturada daquela maneira? Com certeza Dean nunca tinha pensado nisso quando tinha chegado aqui.
Eles adentraram a lanchonete e sentaram-se no balcão, já que as mesas estavam meio desertas neste horário, mas não demoraria a estar cheio de alunos ali.
Não demorou a alguns valentões adentrarem a lanchonete, a confusão começaria novamente. Dean esperava começar o dia numa boa, mas sabia que ia dar problema quando os valentões vieram diretamente para o balcão irrita-los.
-Não gosto da maneira como nos olham – Esis comentou.
-Então ignore, não estamos fazendo nada de errado e não vamos roubar então não tem motivo para se sentir menos bem-vindo que qualquer um deles. Então o que quer comer?
-Quero sair daqui – ele tinha voltado ao mau humor de sempre.
-Certo, duas porções de fritas e também dois refrescos, obrigado – ele disse a garçonete quando ela se aproximou.
-Você nunca me escuta.
Dean quase caiu da cadeira com a declaração nada conveniente do seu amigo. E todas as vezes que ele tinha escutado e se metido em encrenca?
-Posso saber o que as donzelas fazem por aqui? – disse um rapaz se aproximando, já estava demorando. Dean ate pensou, por dois segundos, que eles tinham se esquecido deles – os meninos ali começaram a criar boatos de que Esis e Dean eram amigos muitíssimo próximos, pois só andavam juntos. – Se não percebeu esse lugar não é para damas.
Dean ia abrir a boca para tentar acabar com essa confusão, mas Esis foi mais rápido:
-Então o que faz aqui?
Dean gelou da cabeça aos pés ao ver Esis de pé tentando confrontar os grandões, sua cabeça doía só de pensar que isso ia acabar sobrando para ele. Ele riu sem graça para tentar diminuir a pressão.
-Ele não quis dizer isso – disse levantando-se e tentando impedir Esis de passar.
-É claro que eu quis – Dean quase o fuzilou quando ele disse isso.
-Como é garotinha?
-Quer que eu repita? – Esis disse com aquele olhar mortal que Dean já sabia que indicava briga, mas eles não podiam se expor daquela maneira, ainda mais num colégio como esse.
-Certo não tem outro jeito – disse Dean mais serio agora – Vamos resolver isso lá fora.
-Como quiser – mas embora tivesse dito isso o rapaz agarrou a gola da jaqueta de Dean e o jogou sobre a mesa mais próxima.
-Que droga, por que nunca posso sair para comer e somente? – ele disse se levantando.
O rapaz ia lhe socar, mas Esis segurou-lhe a mão usando apenas uma das suas – e o cara era umas trinta vezes maior do que ele – Dean aproveitou a chance para socar a barriga do garoto que se contorceu com a dor.
Outros dois vieram para cima, Esis moveu-se rápido saindo da frente de um deles que vinha correndo, este caiu e Esis acertou-lhe a cabeça. Dean esperou o garoto mais velho se aproximar e o lançou sobre a mesa quebrada.
-Problema resolvido – disse levantando-se e limpando a roupa.
-Não precisava me ajudar – Esis disse.
Ingrato! Ele só conseguia pensar em si mesmo.
Eles olharam em volta e perceberam os outros alunos – uns treze talvez – e a cozinheira olhando para eles em reprovação, certo ora de ir embora. Dean foi ate a cozinheira e pegou a bandeja de sua mão, deixando-lhe o dinheiro.
Eles se retiraram dali e seguiram ate a quadra, ali começaram seu café da manha.
-Bando de ignorantes – Esis continuava a reclamar.
-Esqueça isso Esis, eles são idiotas não vão mudar.
-Bom dia Cameron e... – ele encarou Esis com aquela cara de “você me paga por não fazer minha matéria” – Você.
-Bom dia treinador – disse Dean e deu uma cotovelada em Esis, mas foi uma péssima ideia, pois este usou a desculpa da cotovelada para sujar a camisa do treinador com molho de carne.
-Opss, desculpe!
O treinador saiu dizendo palavrões e dizendo o quanto Esis pagaria por isso.
-Esis! – advertiu o amigo.
-Não gosto dele – dizendo isso ele recostou-se a arquibancada e observou os jogadores fazerem aquecimento, parecia um bando de gazelas. – Ridículos! Você não tinha que ir?
-Sim, está tudo bem? – perguntou percebendo a preocupação do amigo com alguma coisa da qual ele não fazia ideia do que poderia ser.
-Sim! Pode ir.
Dean desceu as escadas da arquibancada indo ate o vestiário para trocar de roupa, odiava esportes, mas o que ele podia fazer? Não tinha licença para sair, por isso tinha que fazer ou seria reprovado.
Alguns dos valentões a que ele surrou estavam dentro do vestiário, ele se esforçou para não ser visto, então o treinador o chamou.
-Cameron venha aqui – ele disse quando o enxergou atrás da prateleira.
Dean se retirou dali sorrindo sem graça e seguindo ate o diretor, que explicou as estratégias do jogo. Ele seria massacrado.
Esis ficou encarando o campo esperando Dean entrar. Queria muito descobrir o que tanto tinha incomodado Dean hoje pela manha, ele já estava se acostumando – ou ao menos tentando – com a ideia de Dean não ter lembranças sobre nada que os tinha acontecido quando eram menores e tudo o que viveram e agora ele vinha com essa historia de lembranças, o que ele teria lembrado? Perguntaria quando tivesse a chance.
Dean adentrou o campo vestindo o novo uniforme ridiculamente colorido e então todos os jogadores tomaram suas posições. O jogo deu-se inicio e eles começaram com a bola, futebol não era lá um jogo muito fácil, mas Dean parecia se dar bem no esporte, mesmo não gostando. Por tanto Esis não entendia qual a necessidade dele querer sair da aula.
O jogo se seguiu com passes e erros, digamos que as equipes não estavam agindo como equipe. Ninguém queria passar a bola, todo mundo era inimigo de todo mundo, era uma guerra.
Ate que surge o idiota Enzo e acerta um chute na perna direita de Dean, estava claro que aquilo tinha sido de proposito, mas ninguém pareceu ligar para isso. Esis desceu as escadas correndo indo ate onde estava seu amigo no chão a uns vários idiotas a sua volta rindo enquanto o treinador já tinha se irritado e ido embora.
-Dean você está bem? – Esis ajoelhou ao lado de Dean procurando por algum ferimento, mas não via nada.
-Está doendo! – era somente o que ele dizia.
-Você fez de proposito – Esis acusou Enzo que ria com os amigos.
-Serio? Eu nem percebi!
Esis se levantou chutando as partes baixas do imbecil, seus amigos logo vieram segurar o agressor, Enzo se ergueu pronto para golpear Esis, mas este era bem mais rápido e chutou-lhe novamente.
-Te aconselho a ficar no chão, por que esse é o seu lugar – disse Esis.
Diego e Flint – amigos de Enzo – iam lhe bater, mas foram nocauteados por Dean. Isso com toda certeza lhes renderia um castigo.
-É, a dor já passou – disse Dean encarando os dois garotos no chão, ele não tinha a menor intenção de ser agressivo, só de se defender e se ninguém naquela instituição fazia isso, era obrigação dos alunos fazerem.
Como por exemplo, Dean e Esis tinham começado a fazer aula de artes marciais, pois os valentões não os deixavam em paz e isso incentivou a outros alunos a também se protegerem como podiam.
Esis ajudou Dean a ir ate a enfermaria, onde Jana – a única mulher, depois da cozinheira, da instituição, pois ate mesmo os professores eram homens – tratou sua perna.
-Não ouve nada, a dor foi por que ele acertou o musculo, mas vai passar. Tente não se meter em confusão novamente Dean.
-Eu? Tem certeza? – Dean encarou a doutora e depois o amigo ao seu lado.
-Certo, deixe-o fora dos seus problemas Esis ou não arrume problemas.
-Você não manda em mim – murmurou quando a doutora deu as costas.
-O que ele disse? – perguntou Jana a Dean.
-Que a senhora é uma ótima profissional – Dean mentiu antes que Esis resolvesse falar alto o que tinha acabado de dizer.
-Certo, pode ir!
Eles se retiraram dali seguindo diretamente ao dormitório, às aulas poderiam esperar para depois, não eram muito importantes mesmo.
Esis deitou Dean na cama e seguiu para a sua.
-Devia escutar o que a doutora disse – disse Dean encarando o teto.
-Não quero!
Dean viu o amigo e percebeu que ele estava preocupado com algo, mas não sabia se queria perguntar.
-Esis algo o está preocupando?
-Não! – disse curto e grosso deitando-se e encarando o teto.
-Não pergunto mais nada.

-Você vai à festa de arrecadação? – Esis perguntou. Era o evento preferido deles, nunca perderam uma festa.
-Que festa é essa? – mas infelizmente Dean tinha perdido as lembranças drasticamente e Esis pouco se lembrou disso.
-Fazem no centro da cidade para arrecadar dinheiro dos viajantes, qualquer pessoa tem o palco a seu dispor.
-Legal! Mas não sei se devo ir.
-Mas nunca perdemos uma festa – Esis o encarou seriamente.
-Tudo bem, tudo bem, nós vamos.
-O tema desse ano é ciberespaço. Uma coisa que eles chamam de futurístico, mas é tão ridículo que parece que está no passado mesmo.
Dean acompanhou o riso de Esis divertindo-se com a situação.
-Por quê? Eles se vestem de prata e aros?
-Quase isso! Sei que o tema é repetido, se vão fazer algo de novo eu não sei.
-Certo, vamos para as aulas, antes que os professores sintam nossa falta. – disse Dean se levantando, mas percebeu que Esis não viria com ele, quando viu que este estava quase dormindo. – Essas manias de perder noite dão nisso.
-Vai se ferrar!
Então ele ainda estava meio acordado? Dean se retirou do quarto trancando a porta por fora, no caso de Esis pensar melhor e resolver vir para a aula.
Seguiu para o outro prédio – era um saco caminhar tanto para escutar tanta coisa que ele sabia que não ia aprender – seguindo diretamente para sua sala.
As aulas hoje tiveram mais animação que há duas semanas quando Igor, o professor de filosofia fez uma palestra sobre a história da filosofia e sobre os filósofos mais importantes que durou quase duas horas, sem pausa.
Ao final do dia, a pedido do diretor, todos os alunos se reuniram no refeitório para que pudessem dizer quem seria a sala responsável por ajudar nos preparativos e organização da festa.
Todo ano havia uma festa e toda vez um sorteio, a sala que saísse prestava ajuda, em nome do colégio, a cidade e era obrigada a trabalhar durante a festa na apresentação dos ambientes e atividades aos viajantes. Dean estava torcendo para que a sala dele fosse à sorteada, não estava muito a fim de ir a uma festa só para se divertir, dançando e bebendo.
-Parabéns alunos da ala 102 – disse o diretor sem muito animo.
Afinal não era a sala dele, que droga!
Esis sentou-se ao lado deste bem quando ele ia se levantar para ir embora. Iria perguntar como este abriu a porta, mas Esis se apressou em apresentar um grampo.
-Já é tipo a sexta vez que você faz isso na semana – ele reclamou prendendo os longos cabelos novamente. Muitos garotos zoavam dele, por ter uma beleza quase indescritível, como um anjo com rostinho de criança. E aquela nuvem negra que eram seus cílios não ajudavam.
-O que tem para comer? – perguntou bocejando.
-Frango com legumes, aproveite.
-Delicia – ele começou a se servir e antes de começar a comer perguntou – O que houve?
-A ala 102 vai ficar responsável pela organização do evento.
-Que saco! Não é a sala dos discípulos do Enzo?
-Sim, e sabe o que é pior? Podemos não ser convidados.
-Não se importe com isso, eu dou meu jeito. – Esis serviu frango com legumes para Dean também e foi logo advertindo: – Se não comer vou descer o prato pela sua garganta.
-Sabia que você é um doce? – perguntou este sarcástico.
-Obrigado! – este sorriu em ironia e iniciou o jantar.
Eles ficaram em silencio o resto da noite. Talvez pensando no que estariam pensando um do outro a respeito dos novos segredos que se abriram entre eles.

A festa futurística

Dean ajeitou os últimos detalhes em seu traje nada animador e encarou-se de frente aos espelhos. Era um moreno feito, de olhos verdes tão claros que duvidou que fossem reais, tinha uns dez centímetros a mais que Esis, mas isso nunca fora motivo de discussão para eles.
Bagunçou os negros cabelos espalhando-os como bem entendeu e então virou-se para se apresentar a Esis.
-Bom, mas... – Esis se levantou e penteou um pouco o cabelo de Dean – Assim é melhor.
-Que chato é você.
-Vamos ou vamos nos atrasar.
-Para que? Servir de zombaria para Enzo e seus colegas? – Dean não estava muito a fim.
-Não, para se divertir com seu melhor amigo.
Eles se retiraram do prédio seguindo ao estacionamento onde Dean ligou a moto para que pudessem seguir para o centro. Esis montou na moto e deu permissão para partir, assim eles pegaram a estrada.
Ao longe já podiam ouvir a musica que tocava, ate que não era uma má escolha, mas deduziram que talvez Enzo tivesse a consciência de não prejudicar a cidade, afinal ele precisava dessa doação tanto quanto qualquer um ali.
Ele parou a moto e depois que desceu seguiu para adentro da festa com Esis ao lado. E lá estavam as belas garotas – lideres de torcida –da ala norte, sorrindo e dançando para que os garotos pudessem escolher com qual delas ficaria, ao menos essa era a visão delas que Dean tinha.
Leandra – uma velha amiga que tinham conhecido quando entraram na instituição, aos dez anos, há sete anos – se aproximou deles.
-E então? Acham que vamos arrecadar algo este ano?
-Com toda certeza – Esis respondeu – Se Enzo não estragar tudo.
-Ele não é tão louco – disse Dean.
Eles começaram a dançar, beber e paquerar, esperando não incomodar ninguém ate o final da noite.

Sua cabeça estava começando a doer, talvez ele tivesse bebido demais. Tinha perdido Esis e Leandra de vista, droga, como voltaria ao dormitório assim? A noite já estava pela metade quando ele finalmente se afastou de tudo aquilo, sentando-se na sua moto no estacionamento, ao menos ele acreditava que fosse essa a sua moto.
Havia poucas pessoas ali, um grupo desconhecido com dois homens e uma mulher, e alguns alunos do outro lado que estavam tão alcoolizados quanto ele.
-Que dor de cabeça!
-Dean? – era a voz de Esis, mas estava distante. Dean ergueu os olhos a ponto de ver um garotinho de cabelos prateados a sua frente – Onde você está Dean?
O garotinho estava assustado e chorava muito, Dean tentou alcança-lo com a mão, mas caiu depois que se desapegou da moto.
-Esis, estou aqui – disse ao garotinho que continuava a olhar em volta sem enxergar nada, então a imagem da criança foi se apagando aos poucos deixando apenas sua voz chamando pelo nome de Dean.
Fechou os olhos temendo dormir ali, ouviu passos se aproximar, pareciam estar pisando sua cabeça.
-É ele? – era a voz de uma mulher, ele não ouviu nada depois – Certo, levante-se garoto.
Dean não sabia ao certo se era com ele que a mulher estava falando, mas teve certeza quando o pé dela acertou seu estomago. Ele pôs tudo que tinha comido para fora e então se colocou de pé como pode. Aquela dor com toda certeza não era por causa da bebida.
-O que você quer? – ele perguntou se afastando, mas não sabia o quanto se afastar, só enxergava borrões – Eu não tenho nada.
-Só queremos uma coisa, Lumina draconis, entregue-nos e saímos daqui o mais rápido possível – agora era um homem que falava, mas do que ele o tinha chamado?
-Eu não sei o que querem.
-Sabe sim, nos entregue e tudo fica bem – a mulher voltou a falar.
-O que? Entregar o que?
-Já chega! – disse outro homem, Dean sabia porque a voz não era igual ao primeiro. – Bestiae in montibus.
Por mais absurdo que fosse Dean conseguiu entender o que ele tinha dito, só não sabia por que ele tinha dito isso.
Sua visão se clareou um pouco mais a ponto dele ver um leão de pelo negro vir para cima dele. Colocou as mãos como proteção e o bicho o derrubou no chão tentando cravar seus dentes na carne de Dean. Não sabia de onde tinha tirado tanta força para afastar aquele leão daquela maneira, mas no momento estava apenas dando graça.
-Pare – ele pediu ao homem que tinha dito as palavras – Eu não sei o que querem.
-Nos entregue ou vai morrer garoto – a mulher o ameaçou.
Mas ele não tinha ideia do que eles procuravam. Dinheiro? Algum pertence? E por que eles não podiam te dizer o que era?
O leão pressionava cada vez mais ate conseguir por a pata no pescoço de Dean e começar a asfixia-lo. Ele tentou aspirar ar de onde não tinha, estava morrendo e ninguém poderia ajuda-lo.
-Nocte draco – as palavras correram por seus lábios com uma mistura doce e perigosa, ele não fazia ideia do por que tinha dito, mas descobriria logo.
O leão foi lançado de lado e Dean pode ver a criatura mais linda e ameaçadora a sua frente. Tinha o cabelo longo preso por um rabo de cavalo, e um cetro de prata e turmalina rosa nas mãos, mas o que mais encantou Dean foi o brilho a sua volta. A criatura o encarou e Dean percebeu certa semelhança, mas sua mente turva não o deixava lembrar, e aqueles asas escamosas – mas com certa delicadeza pelo toque sutil de rosa que elas tinham a mistura de prata – e perigosas que surgiram a seguir o intimidou.
-Vão embora – a criatura avisou aos estranhos.
Dean reconheceria essa voz em qualquer lugar do mundo, só não compreendia o que estava acontecendo. Quem eram aqueles estranhos? Por que seu amigo estava daquela maneira? E por que ele o tinha achado atraente?
-Ai está, não é magnifico? – observou a mulher – A delicadeza e beleza de uma flor e o perigoso veneno de um espinho.
-Eu mandei irem embora – como Esis poderia lutar? Dean não saberia comandá-lo e ele não poderia fazer nada sem as ordens.
-E se não formos? – o mestre da besta se aproximou.
-Eu farei pagá-los por me incomodar. – ele tentou parecer o mais ameaçador possível para afastar os sujeitos antes que provocassem uma briga.
Eles não pareciam querer recuar, mas então a mulher tomou a frente e disse:
-É melhor nos irmos, nos vemos depois dragão – ela disse dando as costas com muita confiança para Esis.
Os outros dois homens demoraram-se mais a ir e quando eles não estavam mais a vista, Esis foi ate Dean. Precisava tirá-lo dali o mais rápido possível.
Olhou-o para conferir se estava tudo bem e encontrou algo nos olhos de Dean que não o agradou.
-Lumina draconis? – Esis se perguntou – Não esperava por isso.

Dean abriu os olhos e encarou o teto do dormitório, não se lembrava de muita coisa do que tinha acontecido ontem na festa, mas uma coisa que não se apagava da sua mente era a visão de Esis a sua frente depois dele ter dito aquelas palavras. O que tinha sido aquilo afinal?
Sentou-se na cama e como esperado Esis não estava em sua cama, ele nunca estava. Queria levantar-se, mas ainda estava meio tonto, não tinha certeza que não cairia se ficasse de pé.
Mesmo assim tentou, apoiando-se nas coisas mais próximas e seguindo para fora. Vince o encontrou no corredor e veio ao seu socorro.
-Você está bem cara?
-Sim, só exagerei na bebida ontem – inventou uma desculpa.
-Então você bebeu pra caramba – Vince observou a postura e os olhos de Dean, estava acabado, parecia que tinha andado brigando com elefantes.
-Eu sei Vince, me ajude a chegar ao refeitório. – ele pediu ignorando sua aparência – Sabe onde está Esis?
-Não, ele saiu hoje cedo, mas prometeu estar aqui no final da tarde. Parece que hoje não haverá aula.
-Por quê? – seu interesse estava desfocando-se lentamente e ele mal percebeu.
-O carro do diretor estava detonado, parece que alguém quis brincar no estacionamento. O diretor está tentando descobrir quem foi, mas antecipadamente já culpou Enzo pelo desastre – Vince riu da própria piada, pois ninguém além dele ria das piadas que fazia.
Dean esperou chegar a uma mesa e sentou-se o mais rápido que pode, a tonteira parecia apenas piorar.
-Certo Vince, obrigado pelas informações e pela ajuda.
-Sem problemas, mas você devia voltar para o dormitório, não parece bem.
-Vai passar!
Vince se afastou e Dean pediu a Rosane para lhe trazer o de sempre. Precisava comer ou ia desmaiar ali mesmo.
Rosane mal acreditou no monstro destruidor que estava a sua frente quando Dean acabou com três waffles e um copo de suco de laranja em apenas cinco minutos.
-Garoto que apetite – ela comentou se afastando e voltando ao seus afazeres.
Pelo menos a tonteira tinha passado, agora ele estava enjoado. Mas não tinha tempo, tinha que procurar por Esis, para que ele lhe explicasse o que tinha acontecido.
Seguiu ate a quadra, de vez enquanto encontrava Esis por ali. Mas não estava lá.
-Que droga Esis, para onde você foi?
Tirou o celular do bolso e telefonou, ninguém atendeu. Era sinal de que ele não queria falar com Dean, mas tinha, de um jeito ou de outro, ele tinha que se explicar. Ligou varias vezes, mas em nenhuma Esis atendeu.
Resolveu esquecer por enquanto, afinal Esis tinha que voltar ao dormitório em algum momento, eles não tinham outro lugar para ficar que não fosse o colégio ou a antiga casinha onde tinham morado por muito tempo, mas Dean duvidou que ele tivesse voltado para lá.
Dean voltou-se para o refeitório e comprou um salgadinho, quando ele estava irritado comia bastante, fato.
Hoje era sexta, para muitos significava um dia próximo da liberdade, para Dean mais um dia comum como qualquer outro, afinal ele não tinha para onde ir se saísse daqui, então no sábado e domingo ele e Esis ficavam no colégio sem fazer nada. Sexta também significava o dia em que as garotas poderiam vir à ala masculina, para o treinamento das torcedoras e dos jogadores de basquete – esporte mais valorizado ali – mas somente para que as torcedoras não atrapalhassem no jogo e os jogadores não atrapalhassem na torcida.
 Abriu o salgadinho e sentou-se próximo a janela. Onde Esis estaria afinal? Ele queria muita saber quem eram aquelas pessoas, o que significavam aquelas palavras que ele conseguia entender muito bem e principalmente por que ele mesmo tinha dito palavras estranhas.
Ele sabia que era latim, pois já tinha estudado essa matéria, mas não tinha aprendido nada, então como entendeu perfeitamente agora?
E aquela besta, de onde ela tinha aparecido? Ele nunca tinha visto um leão de pelo negro e de olhos tão amarelos, era uma aberração. E Esis, oh Deus, ele estava tão lindo e tão delicado com aqueles cabelos compridos presos num rabo de cavalo. Dean acertou um tapa no próprio rosto para parar de pensar nisso.
Encontrou algo no salgadinho que não era comestível, só poderia ser mais uma daquelas promoções onde ganhava uma carta de algum desenho que está em modinha na televisão. Ele encarou a figurinha em sua mão, era uma espada prata e rosa, que lembrou-lhe muito o cetro que Esis tinha ontem.
Ele olhou a embalagem do salgadinho, a promoção era do homem-de-ferro, desde quando homem de ferro tinha uma espada? De qualquer maneira aquela carta não era muito normal, não tinha aquelas informações de ataque e defesa ou mesmo qualquer outra coisa, era só a espada e as margens enfeitadas por folhas de videira.
-Rosane, por favor, eu quero mais três salgadinhos.
-Garoto você tem que parar com isso...
-Rosane vai logo pegar os salgadinhos.
Ela se afastou resmungando alguma coisa que Dean não pôde ouvir, mas também não queria, ela reclamava de tudo. Então voltou com três salgadinhos que Dean abriu e despejou pela mesa, ela começou a reclamar que ele ia limpar, mas ele estava mais interessado nas figurinhas. Eram totalmente diferentes daquela. Então o que era aquilo?
-Obrigado Rose – ele se retirou do refeitório a deixando reclamar sozinha.
Adentrou a biblioteca e seguiu ao computador mais próximo. Entrou no site que as figurinhas continham, viu todas as figurinhas e nenhuma era como a espada que ele tinha em mãos. Então fez algo que já deveria ter feito há muito tempo, ele virou a carta da espada, atrás tinha escrito em letras fortes Pugnator.
Mas o que isso queria dizer?
Tentou ligar para Esis mais algumas vezes e deixou para depois quando já tinha ligado umas quinze vezes.
Saiu da biblioteca com a carta no bolso e seguiu para quadra, queria desejar boa sorte a Leandra, que pretendia entrar para as torcedoras. Como as alas dos meninos eram as únicas a ter uma quadra descente – a quadra da ala feminina estava em reforma desde o ano passado – elas vinham fazer isso aqui.
Ele sentou-se na arquibancada e acenou quando Leandra o viu. Ela subiu correndo ate onde ele estava.
-Estou tão nervosa!
-Não fique, já vi seus movimentos, são de impressionar.
-Obrigado, mas o que te impressiona pode ser um nada para eles. – ela apontou o júri, e ali no meio daquelas cinco pessoas Dean enxergou apenas uma.
-Esis – gritou, de pé. Seu amigo virou o rosto para lhe fitar, estava bravo.
-O que quer? Não está vendo que estou ocupado?
Dean irritou-se pela maneira que este o tratou e caminhou ate mais próximo, enquanto Leandra era totalmente ignorada ali atrás.
-Miserável, eu te procurei sem parar hoje.
-Já me achou, diga o que quer, eu tenho que continuar.
Então Dean percebeu a vergonha que estava passando, todos – todos mesmo – estavam olhando para ele.
-Desculpe – pediu a todos – Depois conversamos.
Esis assentiu e voltou à atenção a quadra.
-Então... O que foi isso agora? Foi meio estranho! – perguntou Leandra tentando fingir não ter sido ignorada.
-Desculpe, mas bem... Boa sorte.
Leandra fechou a cara e encarou a quadra, ou melhor, um dos juízes, mas Dean nem percebeu por que também estava com os olhos fixo nele. Não o deixaria sumir de vista agora.
-Vem ver mais de perto – ela começou a descer as escadas correndo apegada a mão de Dean.
Leandra tropeçou e gritou quando viu que ia cair, isso chamou a atenção das pessoas ali bem e no momento em que Dean agarrou a cintura da amiga para impedir que ela se machucasse Esis virou-se para ver o que estava acontecendo.
O corpo de Esis se encheu de raiva e em sua cabeça passou milhões de acontecidos para Leandra estar nos braços de Dean, menos que ela tenha tropeçado. Ele se levantou e se retirou da quadra seguindo para o lugar mais distante que pôde, antes que voltasse e estrangulasse Leandra.
Dean viu Esis se retirar e pelo visto só ele percebeu o quão rápido ele tinha se movido. Sem pensar muito ele soltou Leandra que reclamou alguma coisa, mas ele não estava ouvindo, queria entender por que Esis tinha ficado bravo e se retirado. Seria possível...
-Dean – Leandra o gritou, todos estavam rindo dela graças a Dean.
-Desculpe – ele ajudou-a a se levantar e passou por ela correndo indo atrás de Esis.
Mas não fazia ideia de onde ele tinha ido, procurou com os olhos por toda a área do colégio que conseguia ver, mas não o viu. Começou a procurar por todos os lados.

Adentrou o quarto sem esperanças de acha-lo, estava cansado, tinha percorrido toda a ala masculina atrás dele, procurou ate no banheiro, mas ele não estava. Quando Esis queria se esconder ele sabia muito bem como.
Deitou-se na cama e encarou a cama ao lado da sua vazia. Fechou os olhos por um momento visualizando a cara de bravo que Esis tinha feito lá na quadra, ele queria muito que isso tivesse ligado a apenas um sentimento.
Abriu os olhos novamente sentindo a brisa leve em seu rosto, mas tinha quase certeza que a janela estava fechada. Ele se viu num campo de flores, o campo de primavera – um lugar daquela cidade onde as coisas mais lindas aconteciam – na floresta encantada – eles tinham dado nomes aqueles lugares.
Havia dois garotinhos ao longe e ele se aproximou para ver quem eram. Quem mais seriam se não fosse Esis e ele? Brincando entre as flores sempre perto um do outro, Dean colocou na cabeça de Esis uma tiara de flores amarelas, e percebeu o quanto qualquer coisa lhe caia muito bem, Esis sorriu agradecendo pelo presente.
Eles se levantaram, deram as mãos e começaram a caminhar. Dean tentou acompanhar os garotinhos, mas quanto mais caminhava, mais longe estava das crianças. E então estava de volta ao quarto, esse tinha sido o mais perto de tranquilo que ele tinha desses momentos ou visões.
A porta do quarto se abriu e qual não foi sua surpresa quando Esis adentrou o quarto de cabeça baixa. Ele sentou-se na cama, mas Esis passou sem olhar para ele e começou a preparar a cama – dormiria tão cedo?
O corpo de Esis tremia de raiva e ele não queria ter que descontar tudo em Dean. Queria dormir e acordar pensando que aquilo não passou de um sonho, mas pelo visto Dean tinha outras intenções.
-Esis precisamos conversar – ele disse decidido.
-Não temos não – uma carta foi lançada sobre a cama de Esis, ele a pegou depois de um tempo e encarou a carta irritado e assustado ao mesmo tempo – Quem te deu isso?
-Agora quer conversar?
-Não, não me importa – ele atirou a carta na cama de Dean.
-O que é Pugnator?
Pelo visto ele não ia desistir, mas afinal que mal tinha contar a ele agora. Ah é, Dean podia não estar preparado para o que ia ouvir, podia estar despreparado para lutar, Esis estava bravo com ele e pugnator não era joguinho para crianças.
-Um jogo!
-Tipo virtual?
-Tipo vida real, muitas pessoas jogam isso no mundo inteiro – ele disse de uma vez por todas, esse era o mal de conversar irritado, ele soltava as coisas que mal percebia, mas sabia que Dean tinha noção disso.
-Me diga o que é Esis – ele pediu se aproximando do amigo, que afastou – Por que ficou bravo?
Esis tinha ao menos conseguido o fazer mudar de assunto que não queria nem pensar, para um que ele não queria nem comentar.
-Ela me irrita, faz esse tipo de coisa para eu me sentir mal. – disse de uma vez.
-Por que se sentiria mal? – Dean se aproximou e Esis percebeu que não tinha mais como se afastar quando encontrou a madeira da cama.
-Por que você não se lembra de nada e todos se aproveitam disso – ele confessou não conseguindo mais esconder.
Seus olhares se cruzaram buscando por alguma resposta, então se afastaram.
-Voltando ao assunto – Dean deixou claro que não ia desistir.
-Amanha Dean, estou cansado.
-E eu também estou cansando, de não saber das coisas e das pessoas pensarem que podem fazer o que bem entender.
-Por que não vai dizer isso para sua amiguinha? – aquilo soou como uma ameaça.
Dean resolveu esquecer por enquanto, pegou a carta e se retirou dali seguindo para o terraço, queria ficar sozinho e por as coisas em ordem na mente dele, não tinha como uma pessoa como aquela ter alguma coisa que não seja ódio dele. Ele só queria entender o que tinha mudado entre eles desde o acidente, mas era obvio que também não ia descobrir tão cedo.

Bem cedinho Dean acordou e amarrou Esis a cama, este não ficou nada feliz quando foi acordado com um banho de agua fria.
-O que quer Dean? – ele perguntou naquele tom que informava que as coisas não iam ficar assim.
-Que me responda o que te pergunto.
-Tudo bem, mas vai ter de acreditar em tudo e lembre-se, você pediu para ouvir.
Dean desamarrou Esis que aproveitou-lhe para lhe dar um soco. Então seguiram para o refeitório, o colégio estava completamente vazio, só alguns funcionários que também não tinham casas estavam ali. Para o azar deles Rosane tinha família e não tinha ficado no colégio.
Então se viraram para preparar algo para comer. Enquanto faziam Esis começou a explicação.
-Pugnator é um jogo real, onde os mestres comandam seus combatentes a partir de ordens e cartas. Como o homem daquele dia, o leão era seu combatente e ele era o mestre que dava as ordens, mas ele precisa das cartas para dons especiais.
-Entendi! Ou mais ou menos, continue. – era como um jogo virtual só que real.
-Bom, há varias maneiras de se jogar Pugnator, as três principais sãos os torneios, as disputas e as missões. Os torneios são nacionais, é como uma eliminatória, convida-se vários mestres e diante das lutas vão se eliminando ate que sobre apenas um. As regras básicas de um torneio são: deve ser realizado dentro de quinze minutos no máximo, se o tempo acabar e não houver um vencedor em arena, os dois são perdedores e são convidados a se retirar da competição. O torneio é um dos mais importantes meios de se jogar Pugnator, com ele seu combatente pode ganhar cartas, experiência e você pode ganhar muito dinheiro e um titulo. Mas as lutas dos torneios geralmente são realizadas com seis ou mais lutadores, o que torna difícil conseguir uma vitória.
-Então quer dizer que o torneio é um jogo para suicidas?
-Não é bem assim, o torneio só serve para mestres e combatentes fortes e competentes.
-Mas não há como ganhar uma luta de cinco contra um em quinze minutos.
-Mas essas são as regras. Continuando, as disputas são lutas individuais, quando um mestre convida o outro para uma luta, aquele que foi convidado pode ou não recusar a luta se desejar, em compensação o vencedor da batalha individual pode escolher como premio dinheiro ou a carta do baralho adversário.
-Como aquele acontecimento do outro dia?
-Não aquilo foi um ataque mesmo – Esis serviu sua macarronada para ambos – Pronto, sinta-se a vontade para experimentar.
-Por que eu, se foi você que fez?
-Você mesmo já disse, eu fiz, prova.
Dean colocou um bom tanto de macarrão na boca e disse:
-Bom, meio grudento, mas bom.
Esis sentou-se e começou a compartilhar do café da manha mal feito e grudento. Eles encerraram o assunto por enquanto que comiam, mas de vez enquanto trocavam olhares que nem eles mesmos sabiam o que significavam.
Depois de comer seguiram para o campinho e sentaram-se na sombra, então Esis pôde continuar.
-E por ultimo, mas não menos importante temos as missões. Elas geralmente são passadas numa pagina oficial do jogo que só os mestres tem acesso, então você escolhe a missão que quer e quando estiver concluída seu combatente ganha experiência, um novo poder para alguma carta que você já tenha no baralho e o mestre pode ganhar algum objeto ou mesmo dinheiro.
-Ou seja, os combatentes sempre saem ganhando?
-Eles fazem a maior parte do trabalho, é claro que tem ganhar mais.
-Agora me responda algo que quero muito saber. Sobre as palavras...
-As palavras são a chave para ativar as cartas ou mesmo o monstro, aquela besta que te atacou naquele dia foi evocada por seu mestre, por isso o mestre tem de ser tão forte quanto o combatente, para que suas palavras tenham força de ataque.
-Como acessar a pagina de Pugnator? – ele perguntou, mas não era ai que queria chegar ainda.
-É só procurar Pugnator, pediram uma senha e você deve informar o nome do seu combatente.
-E qual seria o nome do meu combatente?
Esis tinha descoberto agora onde Dean queria chegar e tinha conseguido enrola-lo direitinho.
-Pugnator é um jogo serio Dean, e eu sou seu lutador, meu nome real é Nocte draco.
Dean não conseguia ficar chocado com tudo aquilo, era como se já conhecesse esse mundo e na verdade não duvidava de que tivesse conhecido. Algo lhe dizia que as respostas para todas as suas perguntas estavam no passado que ele se esqueceu, mas aos poucos estava lembrando.
-E então o que faremos?
-Vamos iniciar seu treinamento – Esis disse dando ênfase ao seu. 


  • Feita por Mia
Ajudem comentando a fic Minna-san, nossos novos escritores amam seus comentários, da incentivo ;D








(Para quem já leu o Pugnator, deve com certeza ter notado as mudanças... 
Acontece que a escritora tinha mandado o antigo como rascunho ^^" e esse é o ESPLENDOR final xD)

4 comentários:

  1. ameii essa história, continua por favor é linda, gostaria muuito de saber o resto

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  2. Omg ' preciso de mais. Gente, essa estória é mais que incrível, mto bem feita e escrita maravilhosamente bem. Parabéns, de verdade. kk ' adorei.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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